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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

QUE TEMOS COM O CRISTO?

“Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-­nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.” (MARCOS, 1: 24)

Grande erro supor que o Divino Mestre houvesse terminado o serviço ativo, no Calvário.

Jesus continua caminhando em todas as direções do mundo; seu Evangelho redentor vai triunfando, palmo a palmo, no terreno dos corações.

Semelhante circunstância deve ser lembrada porque também os Espíritos maléficos tentam repelir o Senhor diariamente.

Refere-­se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam do corpo da criatura.

Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem dominando vastos organismos do mundo.

Na edificação da política, erguida para manter os princípios da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio, formado para estabelecer a fraternidade, aparecem com os apelidos de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância sectária.

Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessão de Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito mais.

E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e organizações indagam com pressa: “Que temos com o Cristo? Que temos a ver com a vida espiritual?”

É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico, vestido nas túnicas brilhantes da falsa ciência.

Livro: Caminho, Verdade e Vida, lição 144 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

LEGIÃO DO MAL

“E perguntou-­lhe: Qual é o teu nome? — Ao que ele respondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos.” (MARCOS, 5: 9)

O Mestre legou inolvidável lição aos discípulos nesta passagem dos Evangelhos.

Dispensador do bem e da paz, aproxima-­se Jesus do Espírito perverso que o recebe em desesperação.

O Cristo não se impacienta e indaga carinhosamente de seu nome, respondendo-­lhe o interpelado: “Chamo-­me Legião, porque somos muitos.”

Os aprendizes que o seguiam não souberam interpretar a cena, em toda a sua expressão simbólica.

E até hoje pergunta­-se pelo conteúdo da ocorrência com justificável estranheza.

É que o Senhor desejava transmitir imortal ensinamento aos companheiros de tarefa redentora.

A frente do Espírito delinquente e perturbado, Ele era apenas um; o interlocutor, entretanto, denominava-­se “Legião”, representava maioria esmagadora, personificava a massa vastíssima das intenções inferiores e criminosas. Revelava o Mestre que, por indeterminado tempo, o bem estaria em proporção diminuta comparado ao mal em aludes arrasadores.

Se te encontras, pois, a serviço do Cristo na Terra, não te esqueças de perseverar no bem, dentro de todas as horas da vida, convicto de que o mal se faz sentir em derredor, à maneira de legião ameaçadora, exigindo funda serenidade e grande confiança no Cristo, com trabalho e vigilância, até à vitória final.

Livro: Caminho, Verdade e Vida, lição 143 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.
 

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

POESIA: Sempre Coração

Para exaltar a glória da bondade,
Não digas, alma irmã, que nada tens.
De gota a gota, o mar se consolida
E, migalha em migalha, a grandeza da vida
É um mar excelso de infinitos bens.

Caridade recordar a natureza
Que na bênção de Deus se concebe e aglutina,
Revelando no todo,
Da cúpula do Céu às entranhas do Lodo,
Que a presença do amor é sempre luz divina.

A bolsa generosa em socorro fraterno
Lembra o Sol a servir, tanto quanto fulgura,
Mas o vintém doado em auxílio a quem chora
É o copo de água pura à sede que devora,
A solidariedade em forma de ternura.

A fortuna em serviço é a usina poderosa
Da civilização na força que lhe empresta,
Garantindo o progresso, a cultura e a beleza,
Mas da espiga singela é que o pão vem à mesa
E da semente humilde é que nasce a floresta.

O prato, o cobertor, a roupa restaurada,
Um traço de carinho em amparo de alguém,
Pode ser, alma irmã, o complemento justo,
Para que se nos faça o regresso sem custo
Ao campo de trabalho e a integração no bem.

Nunca fales “não tenho” e nem digas “não posso”,
Traze louvor do bem o braço amigo e irmão,
Um sorriso e quem passa ao vento e ao desalinho,
Flor de esperança às pedras do caminho,
Que a caridade, em tudo, é sempre coração.

Autora: Maria Dolores
 

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

ESTÓRIA: O Ladrão de Bananas

Deixando a mata onde vivia, um macaquinho aventurou-se por outras bandas. Estava faminto.

Os homens destruíram a mata, e o solo ficara árido, seco, sem vegetação. Derrubaram as árvores, depois colocaram os enormes troncos em caminhões que, roncando assustadoramente, os levaram para longe; o resto fora queimado.

E o macaquinho, assim como os outros animais e aves, foi obrigado a abandonar seu refúgio, procurando um lugar onde pudesse se abrigar.

Logo, encontrou um sítio bonito com grandes árvores. No meio de um gramado, havia uma casa simpática, cercada de flores. Um homem saiu da casa e, acompanhado por um cão, foi tratar da criação. Ele deu comida conversando com os animais: galinhas, patos, porcos e cavalos; depois, tirou leite da vaca. Para cada um tinha uma palavra gentil.

O macaquinho resolveu que iria morar ali.

Ganhando coragem, aproximou-se com cuidado. O cachorro, sentindo sua presença, pôs-se a farejar e foi no seu encalço latindo feroz.

Aos guinchos, assustado, rapidamente o macaquinho subiu numa árvore e ficou escondido no meio da folhagem.

— O que houve, Pingo? Viu alguma coisa? — perguntou o dono ao cão.

Debaixo da árvore, o cachorro continuava a latir sem parar, olhando para o alto. Aproximando-se, o dono olhou para cima e viu o macaquinho que tremia de susto.

— Ora, é apenas um macaco, Pingo. Deixe-o em paz.

Nos outros dias, o homem viu o macaquinho que se aproximava cada vez mais. Uma manhã, ao acordar, encontrou o bichinho a procurar restos de comida no terreiro.

Cheio de compaixão, pegou algumas bananas e deixou-as sobre um mourão da cerca.

Arisco, o bichinho só se aproximou depois que o homem entrou em casa.

Desse dia em diante, todas as manhãs o homem deixava algumas bananas para o novo amigo. Deu-lhe o nome de Miquinho.

Ele habituou-se a ter a presença do animal por perto quando estava trabalhando.

No meio da sua plantação, ele tinha algumas bananeiras. Homem bom, mas severo, ele avisou:

— Miquinho, eu só não admito que roube meus cachos de bananas. Entendeu?

O macaco olhou-o e deu um guincho estridente, como se tivesse entendido.

Apesar dessa recomendação, o homem começou a perceber que alguém estava mexendo nas suas bananeiras. De vez em quando, um cacho desaparecia.

— É você que está roubando minhas bananas, Miquinho?

Com seus olhos de gente, pequenos e arregalados, o macaco olhava para o amigo e balançava a cabeça negativamente.

Em dúvida, o homem se calava, mas não sabia o que pensar. Quem mais poderia estar roubando suas bananas?

Certa noite caiu uma grande tempestade. O vento forte agitava as árvores, enquanto raios e trovões cortavam os ares. Os animais ficaram agitados, temerosos. No sítio, ninguém dormiu.

Na manhã seguinte, quando o dono acordou, viu o estrago que o temporal fizera. Árvores tinham sido arrancadas, o paiol fora destelhado, e no terreiro tudo estava fora do lugar.

Pegando sua velha caminhoneta, resolveu ir à cidade buscar material para fazer os reparos.

Havia percorrido algumas centenas de metros, quando viu Miquinho que, ao lado da estrada, o acompanhava pulando de árvore em árvore. O bichinho guinchava alto, desesperado, como se quisesse falar com ele.

O homem parou o veículo e desceu.

— O que está acontecendo, Miquinho? Por que esse barulho todo?

Mas o macaquinho continuava a guinchar, olhando e apontando para a estrada. Depois, pegou a mão do dono e puxou-a, como se quisesse que ele o acompanhasse.

Curioso, o homem o acompanhou e, logo depois da curva, com surpresa, viu o estrago que a chuva fizera: a ponte fora completamente destruída!

O rio, agitado, mostrava grande correnteza pelas fortes chuvas que caíram na região.

Ele pegou Miquinho no colo, abraçando-o:

— Se não fosse você, meu amigo, essa hora eu teria caído no rio. Obrigado.

Voltando para o sítio, o dono foi fazer uma vistoria nas plantações, para verificar os estragos. Nisso, encontrou um rapaz que saia de um pequeno abrigo que fizera para guardar ferramentas.

— O que está fazendo em minha propriedade? E por que está com esse cacho de bananas nos braços? — perguntou, sério.

Muito envergonhado, o rapazinho explicou:

— Moro aqui perto e estamos passando necessidade. Então, quando não temos nada para comer, venho aqui e pego um cacho. Ontem fui surpreendido pela chuva e o vento, sendo obrigado a me abrigar aqui. Acabei adormecendo e só acordei agora. O senhor me perdoe, mas não sou ladrão.

Condoído da situação do rapaz, pensou: – E se fosse eu que estivesse passando fome e precisasse roubar para comer?

Lembrou-se de Jesus quando afirmou que devemos fazer aos outros tudo o que gostaríamos que os outros nos fizessem.

O homem procurou saber onde ele morava e, depois, deixou-o ir embora levando o cacho de bananas. Em seguida, virando-se para o macaco, disse:

— E eu que pensei que fosse você o ladrão de bananas! Fui injusto e me arrependo. Você me perdoa, amigo?

Miquinho, guinchando feliz, pulou no colo dele, desmanchando-lhe os cabelos.

Mais tarde, o homem foi até a casa do rapaz e, confirmando a situação de miséria em que ele vivia com a mãe e dois irmãos menores, propôs:

— Estou precisando de um ajudante no sítio. Quer trabalhar comigo?

O rapaz sorriu, agradecendo a Deus pelo socorro que lhes tinha mandado.

E o homem, agora com a consciência tranquila, retornou para o sítio com seu amigo Miquinho, certo de que Jesus estava contente com ele.

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

PRECE: DIANTE DA CRÍTICA

Senhor, diante da crítica, que permaneçamos em silêncio, trabalhando...

Que ela não nos aborreça, ao ponto de nos inutilizar nas tarefas do Bem.

Auxilia-nos a meditar nela, extraindo o que contenha de advertência sincera ao nosso, às vezes, excessivo entusiasmo.

A crítica de que somos alvo, é, sem dúvida, o nosso maior exercício de humildade.

Que o nosso ideal não esteja sujeito à apreciação daqueles que não se esforçam por compreendê-lo.

Se pararmos de servir e de Te acompanhar, que haverá de ser de nós? Certamente, nos precipitaremos em abismos de mais profunda escuridão...

Que a crítica contundente e descaridosa não nos reduza à nossa própria insignificância.

Auxilia-nos, Senhor, a não cair e a nos sustentarmos de pé...

Se nos aceitas como somos, que mais haveríamos de pretender?

Os aplausos do mundo não são para nós...

Que assim seja.


Livro: Preces e Orações - Médium: Carlos A. Baccelli - Espírito: Irmão José.

Fonte da imagem: Internet Google.
 

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

142 Oração Dominical

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 28 - COLETANIA DE PRECES ESPIRITAS

2. PREFÁCIO. Os Espíritos recomendaram que, encabeçando esta coletânea, puséssemos a Oração dominical, não somente como prece, mas também como símbolo. De todas as preces, é a que eles colocam em primeiro lugar, seja porque procede do próprio Jesus (S. Mateus, cap. VI, vv. 9 a 13), seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem; é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para este o que pediria para si.

Contudo, em virtude mesmo da sua brevidade, o sentido profundo que encerram as poucas palavras de que ela se compõe escapa à maioria das pessoas. Daí vem o dizerem-na, geralmente, sem que os pensamentos se detenham sobre as aplicações de cada uma de suas partes. Dizem-na como uma fórmula cuja eficácia se ache condicionada ao número de vezes que seja repetida. Ora, quase sempre esse é um dos números cabalísticos: três, sete ou nove tomados à antiga crença supersticiosa na virtude dos números e de uso nas operações da magia.

Para preencher o que de vago a concisão desta prece deixa na mente, a cada uma de suas proposições aditamos; aconselhado pelos Espíritos e com a assistência deles, um comentário que lhes desenvolve o sentido e mostra as aplicações. Conforme, pois, as circunstâncias e o tempo de que disponha, poderá, aquele que ore, dizer a oração dominical, ou na sua forma simples, ou na desenvolvida.

3. PRECE. 

I. Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome! 

Cremos em ti, Senhor, porque tudo revela o teu poder e a tua bondade. A harmonia do Universo dá testemunho de uma sabedoria, de uma prudência e de uma previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. Em todas as obras da Criação, desde o raminho de erva minúscula e o pequenino inseto, até os astros que se movem no espaço, o nome se acha inscrito de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda a parte se nos depara a prova de paternal solicitude. Cego, portanto, é aquele que te não reconhece nas tuas obras, orgulhoso aquele que te não glorifica e ingrato aquele que te não rende graças. 

II. Venha o teu reino! 

Senhor, deste aos homens leis plenas de sabedoria e que lhes dariam a felicidade, se eles as cumprissem. Com essas leis, fariam reinar entre si a paz e a justiça e mutuamente se auxiliariam, em vez de se maltratarem, como o fazem. O forte sustentaria o fraco, em vez de o esmagar. Evitados seriam os males, que se geram dos excessos e dos abusos. Todas as misérias deste mundo provêm da violação de tuas leis, porquanto nenhuma infração delas deixa de ocasionar fatais consequências. 

Deste ao bruto o instinto, que lhe traça o limite do necessário, e ele maquinalmente se conforma; ao homem, no entanto, além desse instinto, deste a inteligência e a razão; também lhe deste a liberdade de cumprir ou infringir aquelas das tuas leis que pessoalmente lhe concernem, isto é, a liberdade de escolher entre o bem e o mal, a fim de que tenha o mérito e a responsabilidade das suas ações. 

Ninguém pode pretextar ignorância das tuas leis, pois, com paternal previdência, quiseste que elas se gravassem na consciência de cada um, sem distinção de cultos, nem de nações. Se as violam, é porque as desprezam. 

Dia virá em que, segundo a tua promessa, todos as praticarão. Desaparecido terá, então, a incredulidade. Todos te reconhecerão por soberano Senhor de todas as coisas, e o reinado das tuas leis será o teu reino na Terra. 

Digna-te, Senhor, de apressar-lhe o advento, outorgando aos homens a luz necessária, que os conduza ao caminho da verdade. 

III. Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu. 

Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para com o seu superior, quão maior não deve ser a da criatura para com o seu Criador! Fazer a tua vontade, Senhor, é observar as tuas leis e submeter-se, sem queixumes, aos teus decretos. O homem a ela se submeterá, quando compreender que és a fonte de toda a sabedoria e que sem ti ele nada pode. Fará, então, a tua vontade na Terra, como os eleitos a fazem no Céu. 

IV. Dá-nos o pão de cada dia. 

Dá-nos o alimento indispensável à sustentação das forças do corpo; mas, dá-nos também o alimento espiritual para o desenvolvimento do nosso Espírito. 

O bruto encontra a sua pastagem; o homem, porém, deve o sustento à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criaste livre. 

Tu lhe hás dito: "Tirarás da terra o alimento com o suor da tua fronte." Desse modo, fizeste do trabalho, para ele, uma obrigação, a fim de que exercitasse a inteligência na procura dos meios de prover às suas necessidades e ao seu bem-estar, uns mediante o labor manual, outros pelo labor intelectual. Sem o trabalho, ele se conservaria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos superiores.

Ajudas o homem de boa-vontade que em ti confia, pelo que concerne ao necessário; não, porém, àquele que se compraz na ociosidade e desejara tudo obter sem esforço, nem àquele que busca o supérfluo. (Cap. XXV.) 

Quantos e quantos sucumbem por culpa própria, pela sua incúria, pela sua imprevidência, ou pela sua ambição e por não terem querido contentar-se com o que lhes havias concedido! Esses são os artífices do seu infortúnio e carecem do direito de queixar-se, pois que são punidos naquilo em que pecaram. Mas, nem a esses mesmos abandonas, porque és infinitamente misericordioso. As mãos lhes estendes para socorrê-los, desde que, como o filho pródigo, se voltem sinceramente para ti. (Cap. V, nº 4.) 

Antes de nos queixarmos da sorte, inquiramos de nós mesmos se ela não é obra nossa. A cada desgraça que nos chegue, cuidemos de saber se não teria estado em nossas mãos evitá-la. Consideremos também que Deus nos outorgou a inteligência para tirar-nos do lameiro, e que de nós depende o modo de a utilizarmos. 

Pois que à lei do trabalho se acha submetido o homem na Terra, dá-nos coragem e forças para obedecer a essa lei. Dá-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não perdermos o respectivo fruto. 

Dá-nos, pois, Senhor, o pão de cada dia, isto é, os meios de adquirirmos, pelo trabalho, as coisas necessárias à vida, porquanto ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo. 

Se trabalhar nos é impossível, à tua divina providência nos confiamos. 

Se está nos teus desígnios experimentar-nos pelas mais duras provações, mau grado aos nossos esforços, aceitamo-las como justa expiação das faltas que tenhamos cometido nesta existência, ou noutra anterior, porquanto és justo. Sabemos que não há penas imerecidas e que jamais castigas sem causa. 

Preserva-nos, ó meu Deus, de invejar os que possuem o que não temos, nem mesmo os que dispõem do supérfluo, ao passo que a nós nos falta o necessário. Perdoa-lhes, se esquecem a lei de caridade e de amor do próximo, que lhes ensinaste. (Cap. XVI, nº 8.) 

Afasta, igualmente, do nosso espírito a ideia de negar a tua justiça, ao notarmos a prosperidade do mau e a desgraça que cai por vezes sobre o homem de bem. Já sabemos, graças às novas luzes que te aprouve conceder-nos, que a tua justiça se cumpre sempre e a ninguém excetua; que a prosperidade material do mau é efêmera, quanto a sua existência corpórea, e que experimentará terríveis reveses, ao passo que eterno será o júbilo daquele que sofre resignado. (Cap. V, nº 7, nº 9, nº 12 e nº 18.) 

V. Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos que nos devem.

Perdoa as nossas ofensas, como perdoamos aos que nos ofenderam. 

Cada uma das nossas infrações às tuas leis, Senhor, é uma ofensa que te fazemos e uma dívida que contraímos e que cedo ou tarde teremos de saldar. Rogamos-te que no-las perdoes pela tua infinita misericórdia, sob a promessa, que te fazemos, de empregarmos os maiores esforços para não contrair outras. 

Tu nos impuseste por lei expressa a caridade; mas, a caridade não consiste apenas em assistirmos os nossos semelhantes em suas necessidades; também consiste no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a tua indulgência, se dela não usássemos para com aqueles que nos hão dado motivo de queixa? 

Concede-nos, ó meu Deus, forças para apagar de nossa alma todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Faze que a morte não nos surpreenda guardando nós no coração desejos de vingança. Se te aprouver tirar-nos hoje mesmo deste mundo, faze que nos possamos apresentar, diante de ti, puros de toda animosidade, a exemplo do Cristo, cujos últimos pensamentos foram em prol dos seus algozes. (Cap. X.) 

Constituem parte das nossas provas terrenas as perseguições que os maus nos infligem. Devemos, então, recebê-las sem nos queixarmos, como todas as outras provas, e não maldizer dos que, por suas maldades, nos rasgam o caminho da felicidade eterna, visto que nos disseste, por intermédio de Jesus: "Bem-aventurados os que sofrem pela justiça!" Bendigamos, portanto, a mão que nos fere e humilha, uma vez que as mortificações do corpo nos fortificam a alma e que seremos exalçados por efeito da nossa humildade. (Cap. XII, nº 4.) 

Bendito seja teu nome, Senhor, por nos teres ensinado que nossa sorte não está irrevogavelmente fixada depois da morte; que encontraremos, em outras existências, os meios de resgatar e de reparar nossas culpas passadas, de cumprir em nova vida o que não podemos fazer nesta, para nosso progresso. (Cap. IV, e cap. V, nº 5.) 

Assim se explicam, afinal, todas as anomalias aparentes da vida. É a luz que se projeta sobre o nosso passado e o nosso futuro, sinal evidente da tua justiça soberana e da tua infinita bondade. 

VI. Não nos deixes entregues à tentação, mas livra-nos do mal. (1) 

(1) Algumas traduções dizem: Não nos induzas à tentação (et ne nos inducas in tentationem). Essa expressão daria a entender que a tentação promana de Deus, que ele, voluntariamente, impele os homens ao mal, ideia blasfematória que igualaria Deus a Satanás e que, portanto, não poderia estar na mente de Jesus. É, aliás, conforme à doutrina vulgar sobre o papel dos demônios. (Veja-se: O Céu e o Inferno, 1ª Parte, cap. IX, "Os demônios").

Dá-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos Espíritos maus, que tentem desviar-nos da senda do bem, inspirando-nos maus pensamentos. 

Mas, somos Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e melhorar-nos. Em nós mesmos está a causa primária do mal e os maus Espíritos mais não fazem do que aproveitar os nossos pendores viciosos, em que nos entretêm para nos tentarem. 

Cada imperfeição é uma porta aberta à influência deles, ao passo que são impotentes e renunciam a toda tentativa contra os seres perfeitos. E inútil tudo o que possamos fazer para afastá-los, se não lhes opusermos decidida e inabalável vontade de permanecer no bem e absoluta renunciação ao mal. Contra nós mesmos, pois, é que precisamos dirigir os nossos esforços e, se o fizermos, os maus Espíritos naturalmente se afastarão, porquanto o mal é que os atrai, ao passo que o bem os repele. (Veja-se aqui adiante: "Preces pelos obsidiados"). 

Senhor; ampara-nos em nossa fraqueza; inspira-nos, pelos nossos anjos guardiães e pelos bons Espíritos, a vontade de nos corrigirmos de todas as imperfeições a fim de obstarmos aos Espíritos maus o acesso à nossa alma.

O mal não é obra tua, Senhor, porquanto o manancial de todo o bem nada de mau pode gerar. Somos nós mesmos que criamos o mal, infringindo as tuas leis e fazendo mau uso da liberdade que nos outorgaste. Quando nós homens as cumprirmos, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu de mundos mais adiantados que o nosso. 

O mal não constitui para ninguém uma necessidade fatal e só parece irresistível aos que nele se comprazem. Desde que temos vontade para o fazer, também podemos ter a de praticar o bem, pelo que, ó meu Deus, pedimos a tua assistência e a dos Espíritos bons, a fim de resistirmos à tentação. 

VII. Assim seja. 

Praza-te, Senhor, que os nossos desejos se efetivem. Mas, curvamo-nos perante a tua sabedoria infinita. Que em todas as coisas que nos escapam à compreensão se faça a tua santa vontade e não a nossa, pois somente queres o nosso bem e melhor do que nós sabes o que nos convém. 

Dirigimos-te esta prece, ó Deus, por nós mesmos e também por todas as almas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, pelos nossos amigos e inimigos, por todos os que solicitem a nossa assistência e, em particular, por... 

Para todos suplicamos a tua misericórdia e a tua bênção. 

Nota - Aqui, podem formular-se os agradecimentos que se queiram dirigir a Deus e o que se deseje pedir para si mesmo ou para outrem.

Fonte da imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

POESIA: Sai de Ti Mesmo

Se carregas contigo o tempo atormentado
Sob tristeza e desencanto,
É natural te aflijas, entretanto,
Não te entregues ao luxo de chorar.
Sai de ti mesmo e escuta, em derredor,
Aqueles que se vão sem rumo certo,
Suportando no peito o coração deserto
Na penúria que mora entre a noite e o pesar.

Não importa o que foste e o que sofreste
E nem a dor alheia, em mágoas mudas,
Procurará saber a crença em que te escudas,
Nem pergunta quem és...
Os que seguem no pó do sofrimento,
Vivendo de coragem, semi-morta,
Rogam-te auxílio à porta,
Rojando-se-te aos pés...

Desce da torre em que te vês somente
E escuta-lhes a história dolorida:
Esse chora sem lar, outro é quase suicida
Cansado de amargura e solidão;
Aquele envelheceu, sem alguém que o quisesse,
Outra é mãe desprezada, anêmica e sozinha,
Sombra que foi mulher, que respira e caminha,
Sabendo agradecer a fortuna de um pão.

Sai de ti mesmo e vem!... Esquece-te em serviço...
É Jesus que te chama ao bem que não se cansa,
Acharás, ao servir, renovada esperança,
Paz e fé, sob a luz de nobres cireneus!...
E sem horas a dar ao desalento e ao tédio,
Quando encontres a noite, cada dia,
Dirás ao Céu, em prece de alegria:
- Por tudo quanto tenho agradeço, meu Deus!...

Autora: Maria Dolores
 

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

141 Preâmbulo

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 28 - COLETANIA DE PRECES ESPIRITAS

1. Os Espíritos hão dito sempre: "A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração."

Os Espíritos jamais prescreveram qualquer fórmula absoluta de preces. Quando dão alguma, é apenas para fixar as ideias e, sobretudo, para chamar a atenção sobre certos princípios da Doutrina Espírita. Fazem-no também com o fim de auxiliar os que sentem embaraço para externar suas ideias, pois alguns há que não acreditariam ter orado realmente, desde que não formulassem seus pensamentos.

A coletânea de preces, que este capítulo encerra, representa uma escolha feita entre muitas que os Espíritos ditaram em várias circunstâncias. Eles, sem dúvida, podem ter ditado outras e em termos diversos, apropriadas a certas ideias ou a casos especiais; mas, pouco importa a forma, se o pensamento é essencialmente o mesmo. O objetivo da prece consiste em elevar nossa alma a Deus; a diversidade das fórmulas nenhuma diferença deve criar entre os que nele creem, nem, ainda menos, entre os adeptos do Espiritismo, porquanto Deus as aceita todas quando sinceras.

Não há, pois, considerar esta coletânea como um formulário absoluto e único, mas, apenas, uma variedade no conjunto das instruções que os Espíritos ministram. E uma aplicação dos princípios da moral evangélica desenvolvidos neste livro, um complemento aos ditados deles, relativos aos deveres para com Deus e o próximo, complemento em que são lembrados todos os princípios da Doutrina.

O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente. Nenhuma impõe, nem reprova nenhuma. Deus, segundo ele, é sumamente grande para repelir a voz que lhe suplica ou lhe entoa louvores, porque o faz de um modo e não de outro. Quem quer que lance anátema às preces que não estejam no seu formulário provará que desconhece a grandeza de Deus. Crer que Deus se atenha a uma fórmula é emprestar-lhe a pequenez e as paixões da Humanidade.

Condição essencial à prece, segundo S. Paulo (cap. XXVII, nº 16), é que seja inteligível, a fim de que nos possa falar ao espírito. Para isso, não basta seja dita numa língua que aquele que ora compreenda. Há preces em língua vulgar que não dizem ao pensamento muito mais do que se fossem proferidas em língua estrangeira, e que, por isso mesmo, não chegam ao coração. As raras ideias que elas contêm ficam, as mais das vezes, abafadas pela superabundância das palavras e pelo misticismo da linguagem.

A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de lentejoulas. Cada palavra deve ter alcance próprio, despertar uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo, não passa de ruído. Entretanto, notai com que ar distraído e com que volubilidade elas são ditas na maioria dos casos. Veem-se lábios a mover-se; mas, pela expressão da fisionomia, pelo som mesmo da voz, verifica-se que ali apenas há um ato maquinal, puramente exterior, ao qual se conserva indiferente a alma.

Estão divididas em cinco categorias as preces constantes nesta coletânea; 1ª) Preces gerais; 2ª) Preces por aquele mesmo que ora; 3ª) Preces pelos vivos; 4ª) Preces pelos mortos; 5ª) Preces especiais pelos enfermos e pelos obsidiados.

Com o propósito de chamar, de maneira especial, a atenção sobre o objeto de cada prece e de lhe tornar mais compreensível o alcance, vão todas precedidas de uma instrução preliminar, de uma espécie de exposição de motivos, sob o título de prefácio.

Fonte da imagem: Internet Google.
 

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

ESTÓRIA: Aprendendo a Ser Mãe

Vitória era uma menina boa, inteligente e criativa. Todavia era arteira e não aceitava quando a impediam de fazer alguma coisa.

A mãe, preocupada com sua segurança e bem-estar, alertava:

— Vitória, não mexa com fósforos. Você pode se queimar.

E a garota, respondia:

— Não vou me queimar, mamãe. Tenho seis anos e já sou grande!

A mãe achava graça, abraçava a filha com amor, e guardava a caixa de fósforos no alto do armário, onde a pequena não poderia alcançar.

E assim acontecia sempre. Quando Vitória brincava de casinha com as amigas, a mãe tinha que estar sempre atenta para que não se machucassem. Ora era uma faca, que a menina pegava para fazer comidinha, ora era o ferro elétrico que ela ligava para passar roupa; de outras vezes, subia numa grande mangueira que havia no quintal para apanhar mangas e assim por diante. A mãe não podia “descansar” um minuto.

E Vitória reclamava, batendo o pé, indignada:

— Mamãe! Sei o que estou fazendo. Já sou grande!

A mãe a colocava no colo e explicava, com carinho:

— Minha filha, você ainda tem muito que aprender. Quando você nasceu em nosso lar, Deus me fez responsável por sua vida. Minha tarefa é cuidar, educar e proteger você, de modo que nada de mal lhe aconteça. Como as mães de suas amiguinhas permitiram que elas viessem brincar aqui em casa, tenho que cuidar delas também. Entendeu?

— Entendi, mamãe.

— Ótimo. Mamãe não faz por mal e nem quer ser desmancha prazeres. Quando você crescer e tiver filhos vai entender melhor. Agora, vá brincar!

No entanto, tudo continuava como antes.

Certo dia, Vitória foi com sua mãe fazer compras. Na volta, um cãozinho de rua as seguiu. Tinha o pelo curto, branco com manchas marrons. Parecia abandonado.

Vitória ficou encantada. Adorava cachorros. E aquele era tão pequeno e desprotegido!

— Mamãe, podemos levá-lo para casa?

— Não, Vitória. Ele tem dono.

— Foi abandonado, mamãe. Tenho certeza. Vamos levá-lo.

A mãe recusava e a menina insistia. Conversavam paradas em frente a uma padaria. O dono, um simpático português, entrou no meio da conversa:

— Queira desculpar-me, senhora, mas realmente esse cãozinho não tem dono. Vem sempre aqui porque costumo lhe dar um prato de leite.

Vitória, com os olhos brilhando e um sorriso radiante, de mãos postas, suplicou:

— Viu, mamãe, não lhe disse? Por favor! Vamos levá-lo para nossa casa. Ele terá um lar!

Diante de tanta insistência, a mãe acabou concordando.

— Está bem, Vitória. Com uma condição. Que você se responsabilize por cuidar dele: dar ração, água, banho e tudo o mais.

A garota concordou, feliz. Pegando o filhote no colo, acariciou-o e disse:

— Vamos, Bilu. Serei sua mãe e cuidarei de você.

Desse dia em diante, Vitória só pensava no animalzinho. Cuidava dele com muito amor. Quando ela ia para a escola, ele queria acompanhá-la; quando ela voltava, ele a esperava no portão, e a primeira coisa que a menina fazia era abraçá-lo. Mas ela reconhecia que Bilu dava trabalho e estava sempre cuidando dele, vigiando:

— Bilu, não suba no muro! Não coma porcaria do chão! Não vá para a rua, um carro pode pegar você! — E assim por diante.

Quando acabava o dia, ela estava cansada, mas feliz, por tê-lo a seu lado.

Na véspera do Dia das Mães, mãe e filha estavam sentadas no quintal observando Bilu que corria, latindo feliz, atrás de uma borboleta. Vitória olhou para a mãe e disse:

— Mamãe! A senhora me disse que eu só entenderia o trabalho que dou quando crescesse e tivesse um filho. Não precisei crescer para isso. Bilu já me dá muito trabalho e preocupação. É como se ele fosse meu filho!

A mãe sorriu achando graça do jeito sério da filha. Vitória sorriu também e trocaram um grande e carinhoso abraço, enquanto a menina exclamava:

— FELIZ DIA DAS MÃES, mamãe! Ainda não comprei seu presente.

A mãe suspirou, satisfeita, entendendo que Deus sabe o que faz e que dá a cada um, na vida, as experiências que precisa para aprender e amadurecer. Sua filhinha estava crescendo e tornando-se melhor.

— Não precisa comprar nada, minha filha. Você já me deu o melhor presente que eu poderia desejar: Você!

Autoria: Célia Xavier Camargo – Imagem: Internet Google.
 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

PRECE: DEUS

Deus...

Dai-me o poder de não desanimar
De poder olhar para o futuro com alegria
De esperar todos os dias algo de bom...

Deus...

Não me deixe desistir
Levante-me os olhos para a vida,
e que ela possa me parecer linda sempre.

Deus...

Não permita que eu saia do meu caminho,
mesmo ele estando em dificuldades,
mesmo que pareça impossível chegar ao fim.

Meu querido Deus...

Não deixe que eu me esvazie,
que me sinta triste e sem coragem.
Não deixe que eu pare diante de situações difíceis...
Que eu me distancie dos meus sonhos!

Deus...

Só o Senhor tem o poder de me iluminar,
então, faça da minha vida uma claridade plena,
faça que meu coração sinta a luz do amor,
e que eu possa dar amor ao meu irmão
sem medir esforços.

Deus meu...

Eis um filho seu implorando ajuda, pois sem a sua mão estendida, nada neste mundo pode ser perfeito.

Por isso, venho aos seus pés e peço:
- Me dê a chance de acertar,
de lhe dar orgulho em ser do seu reino,
de saber o seu valor.

Deus...

Lhe peço ainda:
- Não me deixe parar nunca, e que minhas esperanças se renovem a cada dia!

Autor Desconhecido.

Fonte da imagem: Internet Google.
 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

BIOGRAFIA DE JOÃO LUÍS DE PAIVA JÚNIOR

1870 – 1949

Aos 18 de março de 1949 desaparecia do plano físico, no Rio de Janeiro, um verdadeiro servo da caridade: o Comandante João Luís de Paiva Júnior, coração de ouro sob um véu de aparente severidade.

Nascera ele no Rio de Janeiro, em 9 de abril de 1870, tendo por pais João Luís de Paiva e Maria Delfina da Conceição Paiva. Fora o pai excelente ator, tendo trabalhado ao lado de João Caetano e outros ilustres artistas da época.

Na primeira mocidade, Paiva Junior foi caixeiro, impressor e até ourives. O seu grande sonho, porém, era a Marinha de Guerra, e para ela entrou ainda bem jovem. Durante 52 anos e dez meses desempenhou dignamente suas funções na Intendência, reformando-se no posto de Almirante. Durante todo esse tempo, teve oportunidade de conhecer e privar com gloriosos vultos de nossa Marinha.

Em 1905, sofrimentos físicos e espirituais fizeram-no aceitar o convite de um colega, que com ele insistia para comparecer ao Centro Espírita Santo Agostinho, existente no Méier, Guanabara. Ali foi o então tenente Paiva, e dali saiu ele transformado, para o Espiritismo. Entusiasmou-se com as revelações contidas nas obras de Allan Kardec, e ei-lo, anos depois, presidente daquele Centro aonde foi pela primeira vez.

Continuando sempre como presidente, mais tarde mudou o Centro para Jacarepaguá, denominando-o, desde essa época, Centro Espírita de Jacarepaguá.

Em 27 de fevereiro de 1913, ingressava na “Assistência aos Necessitados” da Federação Espírita Brasileira o capitão de corveta João Luís de Paiva Junior, onde, através de sua mediunidade receitista, passou a ter contato mais direto com os menos favorecidos da sorte, desses que batem à porta da Casa de Ismael, em busca de socorro material e espiritual. Era, então, diretor da “Assistência aos Necessitados” outro inolvidável semeador da caridade, Pedro Richard.

Em 19l5, Paiva Júnior foi eleito Tesoureiro da Federação, mas o certo é que seu Espírito não se sentia bem nesse novo setor de trabalho, seu pensamento estava sempre voltado para os sofredores, para os pobres, e seu desejo era dedicar-se de todo o coração, à seus irmãos em Humanidade. Retornou, pois, à Comissão de Assistência, onde a sua dedicação e amor se faziam sentir de maneira relevante, resolvendo, satisfatoriamente, as difíceis tarefas que lhe eram confiadas. Suas palavras, proferidas sempre sem afetação, com natural e sincera vibração evangélica, tinham o dom de reanimar almas abatidas, reconfortar enfermos.

Em 1923, viu-se eleito para o espinhoso cargo de Diretor da Assistência aos Necessitados, cargo que ininterruptamente desempenhou até seu Espírito ser chamado para as etéreas regiões do Além.

Vinte e seis anos consecutivos esteve ele na direção dessa Comissão de Assistência, e só quem conhece o que seja o trabalho desse Departamento da Federação é que pode calcular quanto amor existia em seu coração!

Conhecido de todos por Comandante Paiva, seu nome tornou-se um símbolo de paz e de misericórdia para os necessitados. Fazia prodígios com as verbas de que dispunha, parecendo, até, que elas se multiplicavam em contato com suas mãos dadivosas.

Todos quantos durante aqueles vinte e seis anos subiam as escadarias do venerável edifício da Avenida Passos não podiam admitir o Departamento de Assistência sem a figura austera do Comandante Paiva. É que, muito embora tivesse ele de exercer os encargos atinentes ao seu posto de oficial superior de nossa Marinha de Guerra, jamais deixou de passar horas a fio, diariamente, durante vários lustros, em seu gabinete de trabalho na Federação Espírita Brasileira. Ele e a Assistência se confundiam. Sua palavra era fluente e sempre modulada ao ritmo do Evangelho. Recebia o maltrapilho com o mesmo carinho e atenção que tributava aos que, bem vestidos ou detentores de ótimas posições sociais, o procuravam na esperança de um alívio para os seus padecimentos.

Em Setembro de 1925, certo médico, interessado no descrédito das curas espíritas, teceu, junto ao Inspetor da Fiscalização da Medicina, uma historia caluniosa, em que a honrada figura de Paiva Júnior era o acusado principal.

Foi ele então processado como incurso no exercício ilegal da medicina. Após examinar os autos, o ínclito e saudoso Dr. Bento de Faria, mais tarde Ministro do Supremo Tribunal Federal, emitiu parecer, em que requeria o arquivamento do inquérito sobre o caso, por não encontrar justa causa para denúncia. À vista desse parecer, o Doutor Eurico Cruz, da Segunda Vara Criminal, mandou arquivar o processo.

Paiva Júnior tinha o hábito de ouvir os pobres um a um e em particular, tarefa que ele desempenhava com uma paciência verdadeiramente cristã, e a levava tão a sério que, nessas horas de contato com a gente humilde do povo, a ninguém mais atendia, mesmo de elevada posição social.

Sua atuação evangélica não ficou restrita ao Estado da Guanabara, alargou-se pelo Brasil inteiro, e foi mais além, transpôs o Atlântico. Assim é que de Portugal e da Espanha lhe chegavam, quase que diariamente, as mais diversas solicitações de assistência. Antes da última guerra mundial, inúmeras eram as cartas que vinham ter às suas mãos, escritas por pessoas angustiadas residentes na França, essa França que foi berço de Allan Kardec.

Podendo viver uma vida despreocupada, Paiva Júnior empregou todo o seu tempo disponível na pratica da Caridade, e o fez, é bom frisar, com alma e coração, sem pensar em qualquer recompensa futura, convicto de que apenas cumpria um dever de irmão para com outro irmão em Cristo.

Fonte do texto: Biografias Espíritas – Imagem: Internet Google.