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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


Cap. 17 - SEDE PERFEITOS


A Virtude


8. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso.


Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas falhas morais que as deslustram e enfraquecem. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho.


A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de exibir-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno cura d'Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.


À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos.


Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor próprio, que sempre deslustram as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.


Em princípio, o homem que se exalta, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor próprio.


Ó vós todos a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho.


Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão de redimir.


François Nicolas Madeleine. (Paris, 1863.)
Fonte da imagem: Internet Google

terça-feira, 29 de novembro de 2011

LIBERDADE 3


Na lógica do mundo encontramos os mais diversos tipos de liberdade, criando, porém, quase sempre deveres tristes e deprimentes.


Nas linhas da luta vulgar, o homem possui a liberdade para a consumação do crime, mas adquire a obrigação de submeter-se à pena que lhe venha a ser cominada pela justiça, a esperá-lo na penitenciária e na reclusão.


Dispõe da liberdade de menosprezar a si próprio, fugir ao trabalho e confiar-se ao vício,


Mas algema-se ao dever de gravar no próprio corpo os sinais da falência a que se empenhou, candidatando-se ao hospital, quando não desce, aturdido, ao vale da loucura e da morte.


Goza a liberdade de ferir os semelhantes, mas, com isso, aprisiona-se no dever de aceitar o retorno das farpas que atira ao coração do próximo, passando a viver entre doenças e males de toda espécie.


Conta com a liberdade de subtrair-se ao estudo, atendendo às sugestões da preguiça, mas encarcera-se na obrigação de suportar a ignorância com todo o seu cortejo de misérias e infortúnios, que acabam coagulando trevas em derredor de seus passos.


Na lógica do Evangelho, porém, encontramos a divina liberdade do espírito.


É a liberdade de nos escravizarmos, qual o próprio Jesus, ao dever do sacrifício pelo bem de todos...


Liberdade de converter o tempo em serviço incessante, e de transformar o ódio e a injúria em amor e bênção...


Liberdade de ajudar sem retribuição, de sofrer sem queixar-se, de construir sem atormentar, de fazer o melhor em favor dos outros no silêncio da humildade e da renúncia que nos aproximam do Céu...


Essa é a única liberdade capaz de fazer-nos dignos da liberdade de sermos livres para a sublime ascensão a Deus.


Livro: Intervalos – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

LESÕES AFETIVAS


Um tipo de auxílio raramente lembrado: o respeito que devemos uns aos outros na vida particular.


Caro é o preço que pagamos pelas lesões afetivas que provocamos nos outros.


Nas ocorrências da Terra de hoje, quando se escreve e se fala tanto, em torno de amor livre e de sexo liberado, muitos poucos são os companheiros encarnados que meditam nas conseqüências amargas dos votos não cumpridos.


Se habitas um corpo masculino, conforme as tarefas que foram assinaladas, se encontraste essa ou aquela irmã que se te afinou como o modo de ser, não lhe desarticules os sentimentos, a pretexto de amá-la, se não estás em condição de cumprir com à própria palavra, no que tange a promessas de amor.


E se moras presentemente num corpo feminino, para o desempenho de atividades determinadas, se surpreendestes esse ou aquele irmão que se harmonizou com as tuas preferências, não lhe perturbes a sensibilidade sob a desculpa de desejar-lhe a proteção, caso não estejas na posição de quem desfruta a possibilidade de honorificar os próprios compromissos.


Não comeces um romance de carinho a dois, quando não possas e nem queiras manter-lhe a continuidade.


O amor, sem dúvida, é lei da vida, mas não será lícito esquecer os suicídios e homicídios, os abortos e crimes na sombra, as retaliações e as injúrias que dilapidam ou arrasam a existência das vítimas, espoliados do afeto que lhes nutria as forças, cujas lágrimas e aflições clamam, perante a Divina Justiça, porque ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado por outro e nem sabe a qualidade das reações que virão daqueles que enlouquecem, na dor da afeição incompreendida, quando isso acontece por nossa causa.


Certamente que muito desses delitos não estão catalogados nos estatutos da sociedade humana; entretanto, não passam despercebidos nas Leis de Deus que nos exigem, quando na condição de responsáveis, o resgate justo.


Tangendo este assunto, lembramo-nos automaticamente de Jesus, perante a multidão e a mulher sofredora, quando afirmou peremptório: "aquele que estiver isento de culpa, atire a primeira pedra".


Todos nós, os espíritos vinculados à evolução da Terra, estamos altamente compromissados em matéria de amor e sexo, e, em matéria de amor e sexo irresponsáveis, não podemos estranhar os estudos respeitáveis nesse sentido, porque, um dia, todos seremos chamados a examinar semelhantes realidades, especialmente as que se relacionem conosco, que podem efetivamente ser muito amargas, mas que devem ser ditas.


Livro: Momentos de Ouro – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google

domingo, 27 de novembro de 2011

O APELO DIVINO


Reunidos os componentes habituais do grupo doméstico, o Senhor, de olhos melancólicos e lúcidos, surpreendendo, talvez, alguma nota de oculta revolta no coração dos ouvintes, falou sublime: — Amados, quem procura o Sol do Reino Divino há de armar-se de amor para vencer na grande batalha da luz contra as trevas.


E para armazenar o amor no coração é indispensável ampliar as fontes da piedade.


Compadeçamo-nos dos príncipes; quem se eleva muito alto, sem apoio seguro, pode experimentar a queda em desfiladeiros tenebrosos.


Ajudemos aos escravos; quem se encontra nos espinheiros do vale pode perder-se na inconformação, antes de subir a montanha redentora.


Auxiliemos a criança; a erva tenra pode ser crestada, antes do sol do meio-dia.


Amparemos o velhinho; nem sempre a noite aparece abençoada de estrelas.


Estendamos mãos fraternas ao criminoso da estrada; o remorso é um vulcão devastador.


Ajudemos aquele que nos parece irrepreensível; há uma justiça infalível, acima dos círculos humanos, e nem sempre quem morre santificado aos olhos das criaturas surge santificado no Céu.


Amparemos quem ensina; os mestres são torturados pelas próprias lições que transmitem aos outros.


Socorramos aquele que aprende; o discípulo que estuda sem proveito, adquire pesada responsabilidade diante do Eterno.


Fortaleçamos quem é bom; na Terra, a ameaça do desânimo paira sobre todos.


Ajudemos o mau; o espírito endurecido pode fazer-se perverso.


Lembremo-nos dos aflitos, abraçando-os, fraternalmente; a dor, quando incompreendida, transforma-se em fogueira de angústia.


Auxiliemos as pessoas felizes; a tempestade costuma surpreender com a morte os viajores desavisados.


A saúde reclama cooperação para não arruinar-se.


A enfermidade precisa remédio para extinguir-se.


A administração pede socorro para não desmandar-se.


A obediência exige concurso amigo para subtrair-se ao desespero.


Enquanto o Reino do Senhor não brilhar no coração e na consciência das criaturas, a Terra será uma escola para os bons, um purgatório para os maus e um hospital doloroso para os doentes de toda sorte.


Sem a lâmpada acesa da compaixão fraternal, é impossível atender à Vontade Divina.


O primeiro passo da perfeição é o entendimento com o auxílio justo...


Interrompeu-se o Mestre, ante os companheiros emudecidos.


E porque os ouvintes se conservassem calados, de olhos marejados de pranto, Ele voltou à palavra, em prece, e suplicou ao Pai luz e socorro, paz e esclarecimento para ricos e pobres, senhores e escravos, sábios e ignorantes, bons e maus, grandes e pequenos...


Quando terminou a rogativa, as brisas do lago se agitaram harmoniosas e brandas, como se a Natureza as colocasse em movimento na direção do Céu para conduzirem a súplica de Jesus ao Trono do Pai, além das estrelas...


Livro Jesus no Lar, lição 33 - Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
Fonte da imagem: Internet Google

sábado, 26 de novembro de 2011

SONHO




Em minha juventude estive à espera.


De um malogrado sonho superior,


- Esperança divina – que eu quisera


ver aureolada por um grande amor!




Mas não pude esperar quanto devera


Nos carreiros aspérrimos da dor,


Sem fé, que era os meus olhos a quimera


Do pensamento mistificador.




Meu erro foi descrer porque, deserto


O coração, somente acreditei


Na morte, o grande abismo – o nada incerto.




Oh! O maior dos enganos perpetrados!


Pois no meu sonho altíssimo de rei,


Achei a dor dos grandes condenados!


Livro: Lira Imortal - Médium: Chico Xavier - Espírito: Hermes Fontes.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

SAUDADE E ESPERANÇA


Nunca é demais referir-se ao imperativo da conformação e da serenidade que se deve manter na terra, em apoio daqueles que te precederam no fenômeno da morte.


Entendemos quanto dói o adeus entre aqueles que as dimensões vibratórias separam entre campos diferentes da vida. Entretanto, se te encontras entre os que lastimam a perda de seres queridos, compadece-te deles, auxiliando-lhes a sustentação com a tua própria fé.


O pensamento é mensagem com endereço. E a tua saudade, quando entretecida de angústia e pranto, é uma projeção de sombra e sofrimento que lhes arremessa em rosto, conturbando-lhes os corações ou obscurecendo-lhes os caminhos.


Sobretudo, não te revoltes contra a Divina Providência como se estivesses provocando a perpetuidade de tua dor. A desencarnação sem complexos de culpa é o melhor que pode acontecer a todos aqueles que partem no rumo de vivências novas na Vida Espiritual.


Esse companheiro deixou o corpo, depois de perigoso acidente circulatório para não ser algemado à paralisia por longos meses, aquele se desvencilhou do envoltório material, no curso de grave enfermidade, forrando-se à provação de contrair perturbações mentais irreversíveis; outro liberou-se da experiência humana, no instante áureo da juventude por haver encerrado o ciclo de resgates determinados, de modo a promover-se nas esferas de elevação; e outros ainda se desvinculam da veste física, ante o alvorecer da existência, na condição de crianças que, por força do próprio passado, nos princípios de causa e efeito, terminam processos de luta reparadora em que se achavam incursos, muitas vezes conduzidos, de um plano para outro, a fim de trocarem um corpo doente por outro mais habilitado à execução das tarefas evolutivas que lhes cabe sustentar.


Diante dos chamados mortos a quem tanto amas, não lhes agraves os problemas com as flechas vibratórias do sofrimento; marcado a fogo de inconformidade ou rebeldia.


Padecendo embora o vazio na própria alma, ilumina a saudade com as preces da esperança e envia-lhes reconforto e encorajamento, amparo e consolação.


Ora pela paz de quantos se te adiantaram na transferência para a Vida Maior e entrega-se a Deus, na certeza de que Deus, em nos criando para o amor uns pelos outros, jamais nos separaria os corações para sempre.


Livro: Amanhece – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

LEMBRANÇA FRATERNAL AOS ENFERMOS


Queres o restabelecimento da saúde do corpo e isso é justo. Mas, atende ao que te lembra um amigo que já se vestiu de vários corpos e compreendeu, depois de longas lutas, a necessidade da saúde espiritual.


A tarefa humana já representa, por si, uma oportunidade de reerguimento aos espíritos enfermos. Lembra-te, pois, de que tua alma está doente e precisa curar-se sob os cuidados de Jesus, o nosso Grande Médico.


Nunca pensaste que o Evangelho é uma receita geral para a humanidade sofredora?


É muito importante combater as moléstias do corpo; mas, ninguém conseguirá eliminar efeitos quando as causas permanecem. Usa os remédios humanos, porém, inclina-te para Jesus e renova-te, espiritualmente, nas lições de Seu amor. Recorda que Lázaro, não obstante voltar do sepulcro, em sua carne, pela poderosa influência do Cristo, teve de entregar seu corpo ao túmulo, mais tarde. O Mestre chamava-o a novo ensejo de iluminação da alma imperecível, mas não ao absurdo privilégio da carne imutável.


Não somos as células orgânicas que se agrupam, a nosso serviço, quando necessitamos da experiência terrestre. Somos espíritos imortais e esses microorganismos são naturalmente intoxicados, quando os viciamos ou aviltamos, em nossa condição de rebeldia ou de inferioridade.


Os estados mórbidos são reflexos ou resultantes de nossas vibrações mais íntimas. Não trates as doenças com pavor e desequilíbrio das emoções. Cada uma tem sua linguagem silenciosa e se faz acompanhar de finalidades especiais.


A hepatite, a indigestão, a gastralgia, o resfriado, são ótimos avisos contra o abuso e a indiferença. Por que preferes bebidas excitantes, quando sabes que a água é a boa companheira, que lava os piores detritos humanos? Por que o excesso dos frios no verão e a demasia de calor nos tempos de inverno? Acaso ignoras que o equilíbrio é filho da sobriedade? O próprio irracional tem uma lição de simples impulso, satisfazendo-se com a sombra das árvores na secura do estio e com a bênção do sol nas manhãs hibernais.


Pela tua inconformação e indisciplina, desordenas o fígado, estragas os órgãos respiratórios, aborreces o estômago. Observamos, assim, que essas doenças-avisos se verificam por causas de ordem moral.


Quando as advertências não prevalecem, surgem as úlceras, as congestões, as nefrites, os reumatismos, as obstruções, as enxaquecas. Por não se conformar o homem, com os desígnios do Pai que criou as leis da natureza como regulamentos naturais para sua casa terrestre, submete as células que o servem ao desregramento, velha causa de nossas ruínas.


E que dizermos da sífilis e do alcoolismo procurados além do próprio abuso?


Entretanto, no capítulo das enfermidades que buscam a criatura, necessitamos considerar que cada uma tem sua função justa e definida.


As moléstias dificilmente curáveis, como a tuberculose, a lepra, a cegueira, a paralisia, a loucura, o câncer, são escoadouros das imperfeições. A epidemia é uma provação coletiva, sem que essa afirmativa, no entanto, dispense o homem do esforço para o saneamento e higiene de sua habitação.


Há dores íntimas, ocultas ao público, que são aguilhões salvadores para a existência inteira. As enfermidades oriundas dos acidentes imprevistos são resgates justos. Os aleijões são parte integrante das tabelas expiatórias. A moléstia hereditária assinala a luta merecida.


Vemos, portanto, que a doença, quando não seja a advertência das células queixosas do tirânico senhor que as domina, é a mensageira amiga convidando a meditações necessárias.


Desejas a cura; é natural; mas precisas tratar-te a ti mesmo pra que possas remediar ao teu corpo. Nos pensamentos ansiosos, recorre ao exemplo de Jesus. Não nos consta que o Mestre estivesse algum dia de cama; todavia, sabemos que ele esteve na cruz.


Obedece, pois a Deus e não te rebeles contra os aguilhões. Socorre-te do médico do mundo ou de teu irmão do plano espiritual, mas não exijas milagres, que esses benfeitores da Terra e do céu não podem fazer. Só Deus te pode dar acréscimo de misericórdia, quando te esforçares por compreendê-lo.


Não deixes de atender às necessidades de teus órgãos materiais que constituem a tua vestimenta no mundo; mas, lembra-te do problema fundamental que é a posse da saúde para a vida eterna.


Cumpre teus deveres, repara como te alimentas, busca prever antes de remediar e, pelas muitas experiências dolorosas que já vivi no mundo terrestre, recorda comigo aquelas sábias palavras do Senhor ao paralítico de Jerusalém: “Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior.”




Mensagem extraída do "Reformador" de Setembro de 1941.
Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


Cap. 16 - SERVIR A DEUS E A MAMON


Desprendimento dos Bens Terrenos – Parte 2


LACORDAIRE - Constantina, Argélia, 1863


Esperdiçar a fortuna não é desapegar-se dos bens terrenos, é descuido e indiferença. O homem, como depositário dos bens que possui, não tem o direito de dilapidá-los ou de confiscá-los para o seu proveito. A prodigalidade não é generosidade, mas quase sempre uma forma de egoísmo. Aquele que joga ouro a mancheias na satisfação de uma fantasia, não dará um centavo para prestar um auxílio.


O desapego dos bens terrenos consiste em considerar a fortuna no seu justo valor, em saber servir-se dela para os outros e não apenas para si mesmo, a não sacrificar por ela os interesses da vida futura, em perdê-la sem reclamar, se aprouver a Deus retirá-la.


Se, por imprevistos revezes, vos tornardes como Jó, dizei como ele: “Senhor, vós me destes, vós me tirastes; que a Vossa vontade seja feita”. Eis o verdadeiro desprendimento. Sede submissos desde logo, tendo fé naquele que, assim como vos deu e tirou, pode devolver-vos.


Resisti corajosamente ao abatimento, ao desespero, que paralisaria as vossas forças. Nunca vos esqueçais, quando Deus vos desferir um golpe, que ao lado da maior prova, ele coloca sempre uma consolação. Mas pensai, sobretudo, que há bens infinitamente mais preciosos que os da Terra, e esse pensamento vos ajudará a desprender-vos deles.


Quanto menos apreço damos a uma coisa, somos menos sensíveis à sua perda. O homem que se apega aos bens terrenos é como a criança que só vê o momento presente; o que se desprende é como o adulto, que conhece coisas mais importantes, porque compreende estas palavras proféticas do Salvador: meu reino não é deste mundo.


O Senhor não ordena que atiremos fora o que possuímos, para nos tornarmos mendigos voluntários, porque então nos transformaríamos numa carga para a sociedade. Agir dessa maneira seria compreender mal os desprendimentos dos bens terrenos.


É um egoísmo de outra espécie, porque equivale a fugir à responsabilidade que a fortuna faz pesar sobre aquele que a possui.


Deus a dá a quem lhe parece bom para administrá-la em proveito de todos. O rico tem, portanto, uma missão, que pode tornar bela e proveitosa para si mesmo.


Rejeitar a fortuna, quando Deus vo-la dá, é renunciar aos benefícios do bem que se pode fazer, ao administrá-la com sabedoria.


Saber passar sem ela, quando não a temos; saber empregá-la utilmente, quando a recebemos; saber sacrificá-la, quando necessário; isto é agir segundo os desígnios do Senhor. Que diga, portanto, aquele que recebe o que o mundo chama uma boa fortuna: “Meu Deus, enviastes-me um novo encargo; dai-me a força de o desempenhar segundo a vossa santa vontade!”


Eis, meus amigos, o que eu queria ensinar-vos, a respeito do desprendimento dos bens terrenos. Resumirei dizendo: aprendei a contentar-vos com pouco. Se sois pobres, não invejeis o ricos, porque a fortuna não é necessária à felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que os vossos bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela.


Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo.


Se não sabeis pagar, não tendes o direito de pedir, e lembrai-vos de que dar aos pobres é saldar a dívida contraída para com Deus.




SÃO LUIS - Paris, 1860


15 – O princípio segundo o qual o homem é apenas o depositário da fortuna, de que Deus lhe permite gozar durante a vida, tira-lhe o direito de transmiti-la aos descendentes?


O homem pode perfeitamente transmitir, ao morrer, os bens de que gozou durante a vida, porque a execução desse direito está sempre subordinada à vontade de Deus, que pode, quando o quiser, impedir que os descendentes venham a gozá-los. É por isso que vemos ruírem fortunas que pareciam solidamente estabelecidas.


A vontade do homem, de conservar a sua fortuna na linha de sua descendência, é portanto impotente. Mas isso não lhe tira o direito de transmitir o empréstimo recebido, desde que Deus o retirará quando julgar conveniente.
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terça-feira, 22 de novembro de 2011

DOENÇAS ESCOLHIDAS


Convictos de que o Espírito escolhe as provações que experimentará na Terra, quando se mostre na posição moral de resolver quanto ao próprio destino, é justo recordar que a criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações.


Não precisamos lembrar, nesse capítulo, as grandes calamidades particulares, quais sejam o homicídio, de que o autor arrasta as conseqüências na forma de extrema perturbação espiritual, ou o suicídio frustrado, que assinala o corpo daquele que o perpetra com dolorosos e aflitivos remanescentes.


Deter-nos-emos, de modo ligeiro, no exame das decisões lamentáveis, que assumimos quando enleados no carro físico, sem saber que lhe martelamos ou desagregamos as peças.


Sempre que já tenhamos deixado as constrições do primitivismo, todos sabemos que a prática do bem é simples dever e que a prática do bem é o único antídoto eficiente contra o império do mal em nós próprios.


Entretanto, rendemo-nos, habitualmente, às sugestões do mal, criando em nós não apenas condições favoráveis à instalação de determinadas moléstias no cosmo orgânico, mas também ligações fluídicas aptas a funcionarem como pontos de apoio para as influências perniciosas interessadas em vampirizar-nos a vida.


Seja na ingestão de alimento inadequado, por extravagâncias à mesa, seja no uso de entorpecentes, no alcoolismo mesmo brando, no aborto criminoso e nos abusos sexuais, estabelecemos em nosso prejuízo as síndromes abdominais de caráter urgente, as úlceras gastrintestinais, as afecções hepáticas, as dispepsias crônicas, as pancreatites, as desordens renais, as irritações do cólon, os desastres circulatórios, as moléstias neoplásicas, a neurastenia, o traumatismo do cérebro, as enfermidades degenerativas do sistema nervoso, além de todo um largo cortejo de sintomas outros, enquanto que na crítica inveterada, na inconformação, na inveja, no ciúme, no despeito, na desesperação e na avareza, engendramos variados tipos de crueldade silenciosa com que, viciando o próprio pensamento, atraímos o pensamento viciado das Inteligências menos felizes, encarnadas ou desencarnadas, que nos rodeiam.


Exteriorizando idéias conturbadas, assimilamos as idéias conturbadas que se agitam em torno de nosso passo, elementos esses que se nos ajustam ao desequilíbrio emotivo, agravando-nos as potencialidades alérgicas ou pesando nas estruturas nervosas que conduzem a dor.


Mantidas tais conexões, surgem freqüentemente os processos obsessivos que, muitas vezes, sem afetarem a razão, nos mantêm no domínio das enfermidades – fantasmas que nos esterilizam as forças e, pouco a pouco, nos corroem a existência.


Guardemo-nos, assim, contra a perturbação, procurando o equilíbrio e compreendendo no bem – expressando bondade e educação – a mais alta fórmula para a solução de nossos problemas.


E ainda mesmo em nos sentindo enfermos, arrastando-nos embora, aperfeiçoemo-nos ajudando aos outros, na certeza de que, servindo ao próximo, serviremos a nós mesmos, esquecendo, por fim, o mercado da invigilância onde cada um adquire as doenças que deseja para tormento próprio.


Livro: Religião dos Espíritos – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

LAMA E CORPO


Não nos esqueçamos de que o corpo na Terra é o filtro vivo de nossa alma.


Nossos pensamentos expressar-se-ão, segundo o sentimos, tanto quanto nossos atos serão exteriorizados conforme pensamos.


Todos os processos emocionais do coração atingem o cérebro, de onde se irradiam para o campo das manifestações e das formas.


Sensações e atitudes mais íntimas se nos mostram, invariavelmente, na vida de relação.


A gula produz a deformidade física.


O orgulho estabelece a irritação sistemática.


A vaidade conduz à perturbação.


A cólera dá origem a graves desequilíbrios.


O ciúme leva ao ridículo.


A maldade se transforma em delito.


O desânimo alimenta o caruncho da inutilidade.


A ignorância faz a penúria.


A tristeza improdutiva cria moléstias fantasmas.


Os hábitos indesejáveis trazem a antipatia em torno de quantos a eles se afeiçoam.


A paixão, não raro, conduz à morte.


Cada sentimento emite raios e forças intangíveis que lhe serão característicos.


Cultivemos a bondade, a compreensão e a alegria, porquanto nelas possuímos o manancial das energias de soerguimento e elevação da alma para Deus, nosso Pai e Misericordioso Senhor.


Nem corpo inteiramente mergulhado na Terra, nem espírito integralmente absorvido na contemplação do firmamento.


A árvore produz para o mundo, sustentando a vida, de raízes imersas no solo e de copa florida a espraiar-se em pleno Céu.


Aprendamos com a natureza.


A situação ideal será sempre a do equilíbrio com a vigilância concentrada por dentro.


Por isso mesmo, há muitos séculos, já nos afirmava a profecia: - “Guardai com carinho e cuidado o coração porque realmente dele é que procedem as correntes da vida”.


Livro: Neste Instante – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
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domingo, 20 de novembro de 2011

O SERVO INCONSTANTE


À frente do todos os presentes, o Mestre narrou com simplicidade: — Certo homem encontrou a luz da Revelação Divina e desejou ardentemente habilitar-se para viver entre os Anjos do Céu.


Tanto suplicou essa bênção ao Pai que, através da inspiração, o Senhor o enviou ao aprimoramento necessário com vistas ao fim a que se propunha.


Por intermédio de vários amigos, orientados pelo Poder Divino, o candidato, que demonstrava acentuada tendência pela escultura, foi conduzido a colaborar com antigo mestre, em mármore valioso.


No entanto, a breve tempo, demitiu-se, alegando a impossibilidade de submeter-se a um homem ríspido e intratável; transferiu-se, desse modo, para uma oficina consagrada à confecção de utilidades de madeira, sob as diretrizes de velho escultor.


Abandonou-o também, sem delongas, asseverando que lhe não era possível suportá-lo.


Em seguida, empregou- se sob as determinações de conhecido operário especializado em construção de colunas em estilo grego.


Não tardou, entretanto, a deixá-lo, declarando não lhe tolerar as exigências.


Logo após, entregou-se ao trabalho, sob as ordens de experimentado escultor de ornamentações em arcos festivos, mas, finda uma semana, fugiu aos compromissos assumidos, afirmando haver encontrado um chefe por demais violento e irritadiço.


Depois, colocou-se sob a orientação de um fabricante de arcas preciosas, de quem se afastou, em poucos dias, a pretexto de se tratar de criatura desalmada e cruel.


E, assim, de tarefa em tarefa, de oficina em oficina, o aspirante ao Céu dizia, invariavelmente, que lhe não era possível incorporar as próprias energias à experiência terrestre, por encontrar, em toda parte, o erro, a maldade e a perseguição nos que o dirigiam, até que a morte veio buscá-lo à presença dos Anjos do Senhor.


Com surpresa, porém, não os encontrou tão sorridentes quanto aguardava.


Um deles avançou, triste, e indagou: — Amigo, por que não te preparaste ante os imperativos do Céu? O interpelado que identificava a própria inferioridade, nas sombras em que se envolvia, clamou em pranto que só havia encontrado exigência e dureza nos condutores da luta humana.


O Mensageiro, no entanto, observou, com amargura: — O Pai chamou-te a servir em teu próprio proveito e, não, a julgar.


Cada homem dará conta de si mesmo a Deus.


Ninguém escapará à Justiça Divina que se pronuncia no momento preciso.


Como pudeste esquecer tão simples verdade, dentro da vida? O malho bate a bigorna, o ferreiro conduz o malho, o comerciante examina a obra do ferreiro, o povo dá opinião sobre o negociante, e o Senhor, no Conjunto, analisa e julga a todos.


Se fugiste a pequenos serviços do mundo, sob a alegação de que os outros eram incapazes e indignos da direção, como poderás entender o ministério celestial? E o trabalhador inconstante passou às conseqüências de sua queda impensada.


Jesus fez uma pausa e concluiu: — Quem estiver sob o domínio de pessoas enérgicas e endurecidas na disciplina, excelentes resultados conseguirá recolher se souber e puder aproveitar-lhes a aspereza, inspirando-se na madeira bruta ao contacto da plaina benfeitora.


Abençoada seja a mão que educa e corrige, mas bem-aventurado seja aquele que se deixa aperfeiçoar ao seu toque de renovação e aprimoramento, porque os mestres do mundo sempre reclamam a lição de outros mestres, mas a obra do bem, quando realizada para todos, permanece eternamente.


Livro: Jesus no Lar - Médium: Chico Xavier – Espírito: Néio Lúcio.
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sábado, 19 de novembro de 2011

A Prece


Raios de amor em sintonia com Jesus,
o pensamento é a freqüência
A Prece a Divina luz...


A Prece é o alimento espiritual
que nos ilumina o coração,
assim nos ensinastes Jesus,
ante a inquisição...


Com o pensamento em equilíbrio,
emitindo raios de bondade
é o Espírito assimilando a
Verdadeira caridade...


Vigiai e orai pela senda da evolução,
ampare, auxilie
em forma de oração...


O pensamento é tudo, a forma não é nada,
assim disse a Espiritualidade,
em uma resposta formada...


Se o egoísmo e o orgulho,
Invadem-lhe o ser.
Pratique a Prece e conheça
o teu santo poder...


Rogando ao Mestre Jesus, pela
Prece de cada dia,
termino assim, agradecendo em
forma de poesia...


Autor: Denílson Ferreira da Silva

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PREVENÇÃO CONTRA SUICÍDIO


Quando a idéia de suicídio, porventura, te assome à cabeça, reflete, antes de tudo, na Infinita Bondade de Deus, que te instalou na residência planetária, solidamente estruturada, a fim de sustentar-te a segurança no Espaço Cósmico.


Em seguida, ora, pedindo socorro aos Mensageiros da Divina Providência.


Medita no amor e na necessidade daqueles corações que te usufruem a convivência. Ainda que não lhes conheças, de todo, o afeto que te consagram e embora a impossibilidade em que te reconheces para medir quanto vales para cada um deles, é razoável ponderes quantas lesões de ordem mental lhes causarias com a violência praticada contra ti mesmo.


Se a idéia perniciosa continua a torturar-te, mesmo que te sintas doente, refugia-te no trabalho possível, em que te mostres útil aos que te cercam.


Visita um hospital, onde consigas avaliar as vantagens de que dispões, em confronto com o grande número de companheiros portadores de moléstias irreversíveis.


Vai pessoalmente ao encontro de algum instituto beneficente, a que se recolhem irmãos necessitados de apoio total, para os quais alguns momentos de diálogo amigo se transformam em preciosa medicação.


Lembra-te de alguém que saibas em penúria e busca avistar-te com esse alguém, procurando-lhe aliviar a carga de aflição.


Comparece espontaneamente aos contatos com amigos reeducandos que se encontram internados em presídios do seu conhecimento, de maneira a prestares a esse ou aquele algum pequenino favor.


Não desprezes a leitura de alguma página esclarecedora, capaz de renovar-te os pensamentos.


Entrega-te ao serviço do bem ao próximo, qualquer que ele seja e faze empenho em esquecer-te, porque a voluntária destruição de tuas possibilidades físicas, não só representa um ato de desconsideração para com as bênçãos que te enriquecem a vida, como também será o teu recolhimento compulsório à intimidade de ti mesmo, no qual, por tempo indefinível, permanecerás no envolvimento de suas próprias perturbações.


Livro: Pronto Socorro – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

LIBERDADE ALHEIA


Sempre que exercemos influência sobre alguém que renteia conosco nos caminhos da madureza, seja na condição de pais ou mentores, familiares ou amigos, é muito fácil ultrapassar os limites da conveniência travando naqueles que mais amamos os movimentos com que se dirigem para a liberdade.


Pratiquemos, sim, a beneficência da educação procurando orientar, instruir e corrigir amando sempre, mas sem violentar e sem impor.


Costumamos providenciar tudo a benefício dos entes queridos quanto ao aprovisionamento de recursos naturais, esquecendo-nos, porém, bastas vezes, de doar-lhes a oportunidade de serem como devem ser.


Nesse sentido, vasculhemos o próprio espírito e verificaremos quanto estimamos a faculdade de sermos nós próprios, de abraçar as crenças que se nos mostrem mais consentâneas com a capacidade de discernir, de sermos respeitados nas decisões que assumimos, de buscar o tipo de felicidade que mais se nos coadune com a paz do espírito, de escolher os amigos que nos pareçam mais dignos de atenção ou de afeto.


Ainda quando nos enganemos, sabemos aproveitar a lição para subir na escala de nossa adaptação à realidade, debitando-nos os erros e fracassos, com que sejamos defrontados sem razão para nos queixarmos dos outros.


Meçamos a necessidade de emancipação no próximo pelo nosso próprio anseio de independência e sempre que nos caia sob os olhos qualquer estudo em torno da indulgência recordemos a dádiva preciosa que todos os nossos companheiros de experiência esperam de nós em aflitivo silêncio; a permissão de cogitarem do seu próprio aperfeiçoamento na escolha permanente da vida tão autênticos e tão livres como Deus os fez.


Livro: Mãos Unidas – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO


Cap. 16 - SERVIR A DEUS E A MAMON


Desprendimento dos Bens Terrenos – Parte 1


LACORDAIRE - Constantina, Argélia, 1863


14 – Venho meus irmãos, meus amigos, trazer-vos meu humilde auxílio, para ajudar-vos a marchar corajosamente na via de aperfeiçoamento em que entrastes.


Somos devedores uns dos outros, e somente por uma união sincera e fraternal, entre os Espíritos e os encarnados, a regeneração será possível.


Vosso apego aos bens terrenos é um dos mais fortes entraves ao vosso adiantamento moral e espiritual. Em virtude desse desejo de aquisição, destruís as vossas faculdades afetivas, voltando-as inteiramente para as coisas materiais.


Sede sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem manchas?


Quando os vossos cofres estão cheios, não há sempre um vazio em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não há sempre um réptil oculto? Compreendo que um homem que conquistou a fortuna, por um trabalho constante e honrado, experimente por isso uma satisfação, aliás, muito justa. Mas, desta satisfação muito natural e que Deus aprova, a um apego que absorve os demais sentimentos e paralisa os impulsos do coração, há uma distância, igual e que vai da sórdida avareza à prodigalidade exagerada, dois vícios entre os quais Deus colocou a caridade, santa e salutar virtude, que ensina o rico a dar sem ostentação, para que o pobre receba sem humilhação.


Que a fortuna provenha da vossa família, ou que a tenhais ganho pelo vosso trabalho, há uma coisa que jamais deveis esquecer: é que tudo vem de Deus, e tudo a Deus retorna. Nada vos pertence na Terra, nem sequer o vosso corpo: a morte despoja dele, como de todos os bens materiais. Sois depositários e não proprietários. Não vos enganeis sobre isto. Deus vos emprestou e tereis que restituir, mas ele vos empresta sob a condição de que, pelo menos o supérfluo, reverta para aqueles que não possuem o necessário.


Um dos vossos amigos vos empresta uma soma. Por menos honesto que sejais, tereis o escrúpulo de pagá-la, e lhe ficareis agradecido. Pois bem: eis a posição de todo homem rico! Deus é o amigo celeste que lhe emprestou a riqueza, não lhe pedindo mais do que o amor e o reconhecimento, mas exigindo, por sua vez, que o rico dê aos pobres, que são também seus filhos, tanto quanto ele.


O bem que deus vos confiou excita em vossos corações uma ardente e desvairada cobiça. Já refletistes, quando vos apegais loucamente a uma fortuna perecível, e tão passageira como vós mesmos, que um dia tereis de prestar contas ao Senhor daquilo que Ele vos concedeu? Esquecei que, pela riqueza, fostes investidos na sagrada condição de ministros da caridade na Terra, para serdes os seus dispensadores inteligentes? O que sereis, pois, quando usais somente em vosso proveito o que vos foi confiado, senão depositários infiéis? Que resulta desse esquecimento voluntário dos vossos deveres?


A morte inflexível, inexorável, virá rasgar o véu sob o qual vos escondeis, forçando-vos a prestar contas ao amigo que vos favoreceu, e que nesse momento reveste aos vossos olhos a toga de juiz.


É em vão que procurais iludir-vos na vida terrena, cobrindo com o nome de virtude o que freqüentemente é apenas egoísmo. É em vão que chamais economia e previdência aquilo que é simples cupidez e avareza, ou generosidade o que não passa de prodigalidade a vosso proveito.


Um pai de família, por exemplo, deixando de fazer a caridade, economizará, amontoará ouro sobre ouro, e tudo isso, diz ele, para deixar a seus filhos o máximo de bens possível, evitando-lhes a queda na miséria. É bastante justo e bem paternal, convenhamos, e não se pode censurá-lo. Mas será sempre esse o único objetivo que o orienta? Não é antes, e o mais das vezes, uma desculpa para a própria consciência, a fim de justificar aos seus próprios olhos e aos olhos do mundo o seu apego pessoal aos bens terrenos? Não obstante, admito que o amor paterno seja o seu único móvel: será esse um motivo para fazê-lo esquecer dos seus irmãos perante Deus?


Quando ele mesmo já vive no supérfluo, deixará os seus filhos na miséria, simplesmente por deixar-lhes um pouco menos desse supérfluo? Com isso, não estará lhes dando uma lição de egoísmo, que lhes endurecerá o coração? Não será asfixiar neles o amor do próximo?


Pais e mães, estais num grande erro, se acreditais que com isso aumentais o afeto de vossos filhos por vós: ensinando-lhes a ser egoísta para com os outros, ensinai-lhes a sê-lo para vós mesmos.


Quando um homem trabalhou bastante, e com o suor do seu rosto acumulou bens, costuma dizer que o dinheiro ganho a gente sabe quanto custou: nada é mais verdadeiro. Pois bem: que esse homem, confessando conhecer todo o valor do dinheiro, faça a caridade segundo as suas posses, e terá mais mérito do que outro que, nascido na abundância, ignora as rudes fadigas do trabalho. Mas, se esse homem que recorda suas penas, seus esforços, se fizer egoísta, duro para com os pobres, será muito mais culpado que os outros. Porque, quanto mais conhecemos por nós mesmos as dores ocultas da miséria, mais devemos interessar-nos pelo socorro aos outros.


Infelizmente, o homem de posse carrega sempre consigo outro sentimento, tão forte como o apego à fortuna: é o orgulho. Não é raro ver-se o novo rico aturdir o infeliz que lhe pede assistência, com a história dos seus trabalhos e das suas habilidades, em vez de ajudá-lo, e terminar por dizer: “Faça como eu fiz!” Segundo ele, a bondade de Deus não influiu em nada na sua fortuna; somente a ele cabe o mérito. Seu orgulho põe-lhe uma venda nos olhos e um tampão nos ouvidos. Não compreende que, com toda a sua inteligência e sua capacidade, Deus pode derrubá-lo com uma só palavra.


Fonte da imagem: Internet Google.