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quinta-feira, 24 de junho de 2010


As Flores Que Eu Não Plantei


Venho; Senhor, ao Teu Jardim para reaprender a plantar.

Um dia me ensinaste que todas as boas sementes germinam e me deste a terra do meu coração para bom plantio, recomendando-me atenção para o livre arbítrio.

Senhor; não tive generosidade suficiente para com meu semelhante e hoje, quando necessito da generosidade de outrem, dificilmente eu a encontro.

Não tenho colhido a flor da generosidade porque não a plantei.

Senhor; não dei à Natureza todo o respeito que ela, como obra Tua, merecia ter recebido de mim. Fui negligente, Senhor.

Agora, o ar que eu respiro não é tão puro quanto deveria ser para que minha saúde não fosse tão ameaçada.

Não tenho colhido a flor da perfeita saúde porque não a plantei.

Senhor, disseste-me que a felicidade sempre estaria em minha vida se eu me lembrasse de levar felicidade àqueles que choravam e que não tinham um ombro onde se debruçar.

Não tenho colhido a flor da Felicidade Plena porque não a plantei.

Senhor; não levei a sério quando me revelaste que o preconceito
era uma erva daninha que, pouco a pouco, mataria o meu jardim.

Não olhei sem julgamento para os diferentes de mim, não observei todos os seres e tudo o mais que criaste sem sentir-me maior e melhor do que eles.

Não tenho colhido a flor do Amor Incondicional porque não a plantei.

Senhor; agora venho ao Teu Jardim, buscando ter uma e, talvez, a última chance de reencontrar as sementes que desejaste ver germinadas em meu coração.

Não sei se vês em minha visita algum sinal de humildade.

Já muito agi com orgulho e não tenho colhido a flor da humildade porque não a plantei.

Aceita; Senhor, esta minha vinda, e dá-me o perdão, o mesmo perdão que a tantos e tantos eu neguei.

Achas que ainda mereço a Tua bênção, Senhor?

Se não me deres o que peço, eu compreenderei.

Não tenho colhido a flor do merecimento porque não a plantei.

Acolherei a Tua decisão, Senhor, seja ela qual for, e se não for aquela que espero eu entenderei.

Não tenho colhido a flor do perdão porque não a plantei.


Autoria: Sílvia Schmidt

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