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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

COMO UMA PIPA QUE SE SOLTA...


Marina estava olhando alguns colegas seus, moradores ali da rua, que faziam pipas para empinar lá no morro atrás da escola.

Enquanto olhava o trabalho dos amigos, a garota teve o pensamento voltado para o Luís, seu professor de matemática da 3a. série, que desencarnara alguns dias atrás.

Marina gostava muito do professor Luís, aliás como todos os seus alunos. Alegre, brincalhão, ensinava a matéria com um jeitão tão especial que ninguém fazia bagunça em suas aulas.

Luís era jovem ainda, mas não resistira a uma doença que o vitimara, levando-o à desencarnação dois meses depois que fora diagnosticada.

Quando visitara o querido professor no hospital, Marina lhe levara flores e umas fatias do bolo que mamãe prepara, mas o professor Luís conseguira apenas esboçar um leve sorriso de agradecimento, já sem forças para falar. Marina se esforçara para não chorar de pena do amigo, mas aguentara firme, pois ali estava para levar estímulo e bom ânimo.

A menina estava tão absorta em seus pensamentos, que levou um susto quando Paulinho gritou:

- Olha uma pipa solta! A linha de alguém arrebentou e o vento está levando a pipa pro alto...

Nisto, Marina sentiu que lhe punham a mão no ombro. Voltando-se, viu D. Mercedes, a diretora de sua escola, que lhe disse:

- Oi, Marina. O que está fazendo por aqui, tão pensativa? Você me parece meio triste...

- Oi, D. Mercedes. Estou aqui olhando os meninos fazerem pipas, e de repente me lembrei do professor Luís. Me deu uma saudade...

- Eu também tenho saudades do Luís, Marina. Ele sempre foi uma pessoa especial, amiga, dedicada ao trabalho...

Olhando agora aquela pipa com o fio arrebentado que o vento vai levando para o alto, lembrei-me de sua desencarnação...

- Como assim, D. Mercedes?

- Bem, Marina.... Você deve saber que nós somos Espíritos que ganhamos um corpo de carne ao nascer, não é? O Espírito, antes livre no Mundo Espiritual, ao reencarnar precisa de um corpo, ao qual se une através de laços, como fios que manterão os dois unidos como se fossem uma coisa só. Esses fios podem se esticar (por exemplo, durante o sono o Espírito pode passear no Mundo Espiritual enquanto o corpo repousa), mas se eles se arrebentam, aí ocorre a desencarnação; o Espírito retorna à vida espiritual e o corpo físico terá morrido.

- E esses fios se arrebentam assim, assim, quando o Espírito resolve ir embora?

- Não, minha querida. O Espírito só vai embora quando o corpo não tem mais condições de lhe ser morada, quando se torna imprestável, quando se "estraga", seja por doença, por acidente. . .

- Ah, entendi, D. Mercedes! Realmente, olhando aquela pipa podemos pensar que o professor Luís, Espírito, também retornou ao Mundo Espiritual, depois que seu corpo ficou inutilizado pela doença e os laços que o mantinham unido a ele se romperam... Mas o professor continua vivinho no Mundo Espiritual.

- Isto mesmo, Marina! Nosso querido Luís estará no Mundo Espiritual, amparado pelo amor de nosso Pai Celestial e merecedor de nossas preces e nosso carinho, em forma de pensamento, para que logo se restabeleça.

- Ah, D. Mercedes... se todas as pessoas entendessem o que é a desencarnação assim como a senhora está me explicando, a saudade não doeria tanto, não acha?

- É sim, Marina... Mas nós, que sabemos disso, podemos falar para quem não sabe e ajudar muita gente que se desespera ante a desencarnação de uma pessoa querida.

E ficaram as duas a olhar a pipa que, àquela altura, já se tornara um pontinho quase imperceptível na imensidão do céu...

Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo.
Fonte da imagem: Internet Google.

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