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segunda-feira, 29 de abril de 2019

DISCERNIR E CORRIGIR


“... com o critério com que julgardes sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também”. – Jesus (MATEUS, 7:2)

Viste o companheiro em necessidade e comentaste-lhe a posição...

Possuía ele recursos expressivos e, talvez por imprevidência, caiu em penúria dolorosa...

Usufrui conhecimentos superiores e feriu-te a sensibilidade por arrojar-se em terríveis despenhadeiros do coração que, às vezes, os últimos dos menos instruídos conseguem facilmente evitar...

Detinha oportunidades de melhoria, com as quais milhares de criaturas sonham debalde e procedeu impensadamente, qual se não retivesse as vantagens que lhe brilham nas mãos...

Desfruta ambiente distinto, capaz de guindá-lo às alturas e prefere desconhecer as circunstâncias que o favorecem, mergulhando-se na sombra das atitudes negativas...

Mantinha valiosas possibilidades de elevação espiritual, no levantamento de apostolados sublimes, e emaranhou-se em tramas obsessivas que lhe exaurem as forças...

Tudo isso, realmente, podes observar e referir.

Entra, porém, na esfera do próprio entendimento e capacita-te de que te não é possível a imediata penetração no campo das causas.

Ignoramos qual teria sido o nosso comportamento na trilha do companheiro em dificuldade, com a soma dos problemas que lhe pesam no espírito.

Não te permitas, assim, pensar ou agir, diante dele, sem que a fraternidade te comande as definições.

Ainda mesmo no esclarecimento absoluto que, em casos numerosos, reclama austeridade sobre nós mesmos, é possível propiciar o remédio da fraqueza a doentes da alma pelo veículo da compaixão, como se administra piedosamente a cirurgia aos acidentados.

Se conseguimos discernir o bem do mal, é que já conhecemos o mal e o bem, e se o Senhor nos permite identificar as necessidades alheias, é porque, de um modo ou de outro, já podemos auxiliar.

Livro: Palavras de Vida Eterna, lição 179 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

ADVERSÁRIOS E DELINQUENTES


“Reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás a caminho com ele...”  – Jesus.  (MATEUS, 5:25)

Jesus nos solicitou a imediata reconciliação com os adversários, para que a nossa oração se dirija a Deus, escoimada de qualquer sentimento aviltante.

Não ignoramos que os adversários são nossos opositores ou, mais apropriadamente, aqueles que alimentam pontos de vista contrários aos nossos.  E muitos deles, indiscutivelmente, se encontram em condições muito superiores às nossas, em determinados ângulos de serviço e merecimento.  Não nos cabe, assim, o direito de espezinhá-los e sim o dever de respeitá-los e cooperar com eles, no trabalho do bem comum, embora não lhes possamos abraçar o quadro integral das opiniões.

Há companheiros, porém, que, atreitos ao comodismo sistemático, a pretexto de humildade, se ausentam de qualquer assunto em que se procura coibir a dominação do mal, esquecidos de que os nossos irmãos delinquentes são enfermos necessitados de amparo e intervenção compatíveis com os perigos que apresentem para a comunidade.

Todos aqueles que, exercem algum encargo de direção sabem perfeitamente que é preciso velar em defesa da obra que a vida lhes confiou.

Imperioso manter-nos em harmonia com todos os que não pensam por nossos princípios, entretanto, na posição de criaturas responsáveis, não podemos passar indiferentes diante de um irmão obsidiado, que esteja lançando veneno em depósitos de água destinada à sustentação coletiva.

Necessitamos acatar os condôminos do edifício que nos serve de residência, toda vez que não consigam ler os problemas do mundo pela cartilha de nossas ideias, todavia, não será justo desinteressar-nos da segurança geral, se vemos um deles ateando fogo no prédio.

Cristo, em verdade, no versículo 25 do capítulo 5, do Evangelho de Mateus, nos afirma: “reconcilia-te depressa com o teu adversário”, mas no versículo 2 do capítulo 16, do Evangelho de Lucas, não se esqueceu de acrescentar: “dá conta de tua mordomia”.

Livro: Palavras de Vida Eterna, lição 178 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

NA ESFERA DO REAJUSTE


“Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo” – Jesus (JOÃO, 3:7)

Empeços e provações serão talvez os marcos que te assinalem a estrada hoje.

Diligenciemos, porém, com a reencarnação a retificar os erros e a ressarcir os débitos de ontem, para que a luz da verdade e o apoio da harmonia nos felicitem o caminho, amanhã...

A questão intrincada que te apoquenta agora, quase sempre, é o problema que abandonaste sem solução entre os amigos que, em outro tempo, se rendiam, confiantes, ao teu arbítrio.

O parente complicado que julgas carregar, por espírito de heroísmo, via de regra, é a mesma criatura que, em outra época, arrojaste ao desespero e à perturbação.

Ideais nobilitantes pelos quais toleras agressões e zombarias, considerando-te incompreendido seareiro do progresso, em muitas ocasiões, são aqueles mesmos princípios que outrora espezinhaste, insultando a sinceridade dos companheiros que a eles se associavam.

Calúnias que arrostas, crendo-te guindado aos píncaros da virtude pela paciência que evidencias, habitualmente nada mais são que o retorno das injúrias que assacaste, noutras eras, contra irmãos indefesos.

Falhas do passado procuram-te responsável, no corpo, na família, na sociedade ou na profissão, pedindo-te reajuste.

“Necessário vos é nascer de novo” – disse-nos Jesus.

Bendizendo, pois, a reencarnação, empenhemo-nos a trabalhar e aprender, de novo, com atenção e sinceridade, para que venhamos a construir e acertar em definitivo.

Livro: Palavras de Vida Eterna, lição 177 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Na Senda de Luz


Ante o anseio de luz em que te expressas,
Indagas, muita vez, alma querida,
Como seguir ao Cristo, entre as pedras da vida,
Varando tentação, desânimo, pesar...
Do que aprendi no mundo, posso apenas
Transmitir-te o que a Vida me dizia,
Nas difíceis lições de cada dia:
- Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar...

Espíritos da Terra, herdando de nós mesmos,
Temos, quase nós todos, as raízes
De débitos e tramas infelizes
Que assumimos outrora, sem pensar;
Nos instantes de Hoje, o Tempo nos revisa
E, clamando ao colher de nossa plantação,
Eis que o Mundo nos pede ao coração:
- Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar...

Não te lamentes, pois... Todos os seres,
Do abismo aos céus, da pedra ao homem,
Sem correções e lágrimas que os domem,
Nunca se arredariam de lugar;
Não há valor sem preço no caminho,
Toda ascensão exige esforço e luta,
Por isso a Vida fala e a própria Vida escuta:
- Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar...

A planta aguarda a flor, a flor reclama o fruto,
A noite espera o Sol retomar o horizonte
O deserto suplica o bálsamo da fonte,
A fonte quer o rio e o rio busca o mar;
A gradação, porém, tudo acompanha e rege,
No voragem do Tempo, a Justiça se esconde
E, ao tumulto da pressa, a Lógica responde:
- Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar...

Assim também, alma fraterna e boa,
Aceita a prova justa, aguarda e pensa,
Deixe que, um dia, a dor te elucide e convença
A olvidar-te no Bem, a construir e amar;
Então compreenderás, nas forças do Universo,
Que o próprio Deus, na Lei, que Ele Mesmo estrutura,
Diz no imo do ser, em cada criatura:
- Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar...

Autora: Maria Dolores

quarta-feira, 17 de abril de 2019

84 A virtude


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 17 - SEDE PERFEITOS

8. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso.

Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas falhas morais que as deslustram e enfraquecem. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho.

A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de exibir-se. Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno cura d'Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.

À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos.

Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor próprio, que sempre deslustram as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.

Em princípio, o homem que se exalta, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor próprio.

Ó vós todos a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho.

Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão de redimir.

François Nicolas Madeleine. (Paris, 1863.)
Fonte da Imagem: Internet Google.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Meu Querido Planetinha


Ah! Meu querido planetinha
Queria tanto cuidar de ti
Mas não governar com desejos de poder e ambição
Mas com jeito de criança
Que enxerga nuvens de algodão
Sem pedir nada em troca
Só a satisfação de poder olhar todas as tuas belezas
Cuidar de teus mares, deixar os teus rios limpinhos
Pra poder matar a sede com água boa e fresquinha
E observar os peixinhos.
Teu verde, tuas florestas nem uma folha tirar
E ar bem puro poder respirar
Plantar muito alimento, muito arroz, trigo e feijão
Pra matar a fome de todos
Gente de toda nação, a viver como irmão

Ah! Meu querido planetinha
Que bom seria se todos tivessem a imaginação e a vontade das crianças
Tudo seria melhor não?
Porque criança não cansa nunca e se briga agora, daqui a pouco já está tudo bem
E se se machuca, levanta e logo continua
Tem amigos de todas as cores e entende qualquer língua, principalmente a do Amor Universal
Criança é criança aqui e acolá e tudo o que deseja é poder brincar
Se é Rei, no seu reino a ordem é ser feliz
Se é soldado, é soldado da paz
Se é médico, cura até coração magoado.
Constrói castelos e divide com quem precisar.

Ah! Meu querido planetinha
Eu queria tanto poder cuidar de ti com coração de menino.
Mesmo que seja só um pedacinho e o que tiver ao meu alcance
Eu prometo que vou tentar
Vou chamar meus amiguinhos pra ajudar e quem sabe um dia...

Quando os Homens descobrirem a minha fórmula mágica
Possam também começar a pensar em viver num mundo melhor.

Patrícia Bolonha

sexta-feira, 12 de abril de 2019

NO DIA DA INCERTEZA


“Nós, porém, temos a mente de Cristo” – Paulo (I CORÍNTIOS, 2:16)

Para qualquer de nós, chega o minuto das grandes hesitações.

Trabalhamos, por tempo enorme, no encalço de determinada realização e eis que, de chofre, todo o nosso esforço parece perdido...

Buscávamos diretrizes no exemplo de alguém, que aceitávamos como possuindo bastante virtude para guiar-nos a vida e esse alguém falha desastradamente no instante preciso em que mais lhe requisitamos as luzes...

Contávamos com certos recursos para o atendimento a compromissos diversos e esses recursos como que se evaporam, deixando-nos amarguradamente frustrados...

Retínhamos elementos valiosos que nos garantiam segurança e tranquilidade e, por circunstâncias inelutáveis, nos vemos privados deles, largados à prova, sem alegria e sem direção...

Todos somos surpreendidos pelo dia nublado de incerteza em que nos reconhecemos perplexos.

Por dentro, ansiedade; por fora, consternação...

Não nos sintamos, porém, sozinhos.

Dispomos da mente de Cristo, o Divino Mestre da Alma.

Roguemos a Jesus caminho e sustento.

A hora da incerteza, é, sobretudo, a hora da prece.

Quando a sombra chega é o momento de fazer luz.

Livro: Palavras de Vida Eterna, lição 176 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

NO CONVÍVIO DE CRISTO (1)


“Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” – Jesus. (João, 14:15.)

Sem dúvida que são várias as atitudes pelas quais denotamos a nossa posição, diante do Cristo.

Ser-nos-á sempre fácil:

admitir-lhe a grandeza e tributar-lhe honrarias;

estudar-lhe as lições e transmitir-lhe os ensinos;

apaixonar-nos por seu apostolado e exaltar lhe a personalidade nos valores artísticos;

aceitar-lhe as revelações e defendê-las com veemência;

receber-lhe as concessões e entoar-lhe louvores;

identificar-lhe o poder e respeitar-lhe a influência;

reconhecer-lhe a bondade e formar, no culto a ele, entre os melhores adoradores;

perceber-lhe a tolerância e abusar-lhe do próprio nome.

Tudo isso, realmente, ser-nos-á possível, sem o menor constrangimento, no campo das manifestações exteriores.

Entretanto, para usufruir a intimidade de Jesus e senti-la no coração, é imprescindível amá-lo, compartilhando-lhe a obra e a vida. Eis porque o Divino Mestre foi claro e insofismável, quando asseverou para os aprendizes que tão-somente os que o amem saberão trilhar lhe o caminho e guardar-lhe os mandamentos.

Livro: Palavras de Vida Eterna, lição 175 – Médium: Chico Xavier – Espírito: Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

FELIPE o distraído


Felipe é um menino de 8 anos que já está na 2a. série. Apesar de esforçado e inteligente, Felipe tinha um problema: era muito desatento.

Na escola a professora vive chamando sua atenção, pois ele começou a colecionar figurinhas e não presta atenção nas explicações.

Certo dia, ao terminar a aula, Felipe saiu despreocupado, admirando sua coleção de figurinhas, deixando para trás sua pasta, com todo o material.

Rodrigo, seu amigo de sala, encontrou a pasta e saiu correndo para tentar alcançá-lo. Ao chegar no portão da escola, avistou Felipe lá quase na esquina e gritou:

- Felipe! Felipe! Espere um pouco! E, chegando mais perto, comentou:

- Veja só o que esqueceu na sala! Você anda muito distraído, procure ficar mais atento no que faz e evitará muitos problemas.

Felipe agradeceu e pegou a pasta e, sem dar muita atenção aos apontamentos de Rodrigo, continuou andando.

Distraído com suas figurinhas, não percebeu que já estava no meio da rua e o sinal indicava verde para os carros. Foi uma freada só.

Com sua falta de atenção, Felipe acabou sendo responsável pela batida de dois carros que, ao tentarem desviar dele, acabaram se chocando.

O menino levou tanto susto que deixou cair todas as suas figurinhas. Elas saíram voando e se perderam rapidamente no meio da rua.

Assustado e choroso, Felipe foi levado por um guarda de trânsito para casa.

À noite, recebeu a visita de seu amigo Rodrigo.

Felipe, triste e preocupado, comentou:

- Rodrigo, você tem razão! Se não tenho atenção e não vigio cada ação, só me meto em confusão.

Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo.
Fonte da imagem: Internet Google.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Não Reproves


Um companheiro de lado,
Triste, agressivo, irritado,
Causando preocupação,
É sempre alguém que procura

Consolo à própria amargura,
Pedindo compreensão.
Fitando qualquer pessoa
Que te injuria, perdoa

E auxilia, mais e mais...
Na multidão, no barulho,
Muitas máscaras de orgulho
São dores descomunais.

Se te mostra voz de briga,
Dá-lhe, em troca, a frase amiga,
Nada te possa alterar...
Ou simplesmente irradia

Uma oração de alegria
Que lhe atenue o pesar.
Ante os irmãos em revolta,
Sabes que estás sob a escolta

Dos Mensageiros do Bem...
A dor, no tempo, varia,
Cada qual tem o seu dia...
Nunca reproves ninguém.

Autora: Maria Dolores

quarta-feira, 3 de abril de 2019

83 Utilidade Providencial da Fortuna


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Cap. 16 - SERVIR A DEUS E A MAMON

7 – Se a riqueza tivesse de ser um obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, como se poderia inferir de certas expressões de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito? Deus, que a distribui, teria posto nas mãos de alguns um instrumento fatal de perdição, o que repugna à razão. A riqueza é, sem dúvida, uma prova mais arriscada, mais perigosa que a miséria, em virtude das excitações e das tentações que oferece, da fascinação que exerce. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual.

É o laço que mais poderosamente liga o homem a Terra e desvia os seus pensamentos do céu. Produz tamanha vertigem, que vemos quase sempre os que passam da miséria à fortuna esquecerem-se rapidamente da sua antiga posição, bem como dos seus companheiros, dos que os ajudaram, tornando-se insensíveis, egoístas e fúteis.

Mas, por tornar o caminho mais difícil, não se segue que o torne inviável, e não possa vir a ser um meio de salvação nas mãos do que a sabe utilizar, como certos venenos que restabelecem a saúde, quando empregados a propósito e com discernimento.

Quando Jesus disse ao moço que interrogava sobre os meios de atingir a vida eterna: “Desfaze-te de todos os bens, e segue-me”, não pretendia estabelecer como princípio absoluto que cada um devia despojar-se do que possui, e que a salvação só se consegue a esse preço, mas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele moço, com efeito, julgava-se quite com a lei, porque havia observado certos mandamentos, e, no entanto recusava à idéia de abandonar os seus bens; seu desejo de obter a vida eterna não ia até esse sacrifício.

A proposição que Jesus lhe fazia era uma prova decisiva, para por às claras o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um padrão de homem honesto, segundo o mundo, não prejudicar a ninguém, não maldizer o próximo, não ser frívolo, nem orgulhoso, honrar ao pai e a mãe. Mas não tinha a verdadeira caridade, pois a sua virtude não chegava até à abnegação. Eis o que Jesus quis demonstrar. Era uma aplicação do princípio: Fora da caridade não há salvação.

A conseqüência daquelas palavras, tomadas na sua mais rigorosa acepção, seria a abolição da fortuna, como prejudicial à felicidade futura e como fonte de incontáveis males terrenos; e isso seria também a condenação do trabalho, que a pode proporcionar.

Conseqüência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem, e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é uma lei de Deus.

Se a riqueza é a fonte de muitos males, se excita tantas más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos ater-nos, mas o homem que dela abusa, como abusa de todos os dons de Deus.

Pelo abuso, ele torna pernicioso o que poderia ser-lhe mais útil, o que é uma conseqüência do estado de inferioridade do mundo terreno. Se a riqueza só tivesse de produzir o mal, Deus não a teria posto na Terra. Cabe ao homem transformá-la em fonte do bem. Se ela não é uma causa imediata do progresso moral, é, sem contestação, um poderoso elemento do progresso intelectual.

O homem, com efeito, tem por missão trabalhar pela melhoria material do globo. Deve desbravá-lo, saneá-lo, dispô-lo para um dia receber toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população, que cresce sem cessar, deve aumentar a produção. Se a produção de uma região for insuficiente, precisa ir buscá-la noutra. Por isso mesmo, as relações de povo a povo tornam-se uma necessidade, e para facilitá-las é forçoso destruir os obstáculos materiais que os separam, tornar mais rápidas as comunicações.

Para os trabalhos das gerações, que se realizam através dos séculos, o homem teve de extrair materiais das próprias entranhas da terra. Procurou na ciência os meios de executá-los mais rápida e seguramente; mas, para fazê-lo, necessitava de recursos: a própria necessidade o levou a produzir a riqueza, como o havia feito descobrir a ciência. A atividade exigida por esses trabalhos lhe aumenta e desenvolve a inteligência. Essa inteligência, que ele a princípio concentra na satisfação de suas necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais.

A riqueza, portanto, sendo o primeiro meio de execução, sem ela não haveria grandes trabalhos, nem atividade, nem estímulo, nem pesquisas: com razão, pois, é considerada elemento de progresso.
Fonte da imagem: Internet Google.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

NOVA BIOGRAFIA

Hoje foi postada a biografia do mês de Abril de 2019 na coluna "Grandes Nomes do Espiritismo" em homenagem a JACOB DE MELLO