Pedro foi à
praia passear na casa de sua tia Sebastiana e logo saiu para conhecer as
redondezas.
Voltou
desanimado: como iria passar quinze dias sem amigos, sem vizinhos, sem
brinquedos?!
Tia
Sebastiana, notando a tristeza do sobrinho, sugeriu:
- Pedrinho,
amanhã vá até o final da praia e ande por lá... Quem sabe encontrará um amigo
para brincar.
No dia
seguinte, Pedrinho, no final da praia, encontrou um barraco, ao lado de um
velho barco.
Aproximando-se,
vê Joãozinho, que voltava do serviço de engraxate, e com ele puxa conversa:
- Você mora
aí?
- Moro. E
você? É dessas bandas?
- Não, sou
de São Paulo, da Capital. Estou passeando na casa de minha tia. Vamos brincar
um pouco?
- Num dá!
- E amanhã!
- Só depois
das quatro, pois estudo e trabalho.
- Então fica
combinado, amanhã à tarde.
Seu
Ferreira, velho pescador, cansado pela idade e pelo trabalho, ouvia a conversa
de dentro do barco que lhe servia de morada, e falou consigo mesmo:
- Parece que
o meu pequeno vizinho arrumou um novo amigo.
Na tarde
seguinte, à hora combinada, chega Pedrinho.
- Joãozinho,
de que vamos brincar?
- Você que
sabe!
- Vamos
catar conchinhas?
- Não quero
não! Andei o dia inteiro por aí engraxando e carregando a caixa. Estou cansado.
- Então não
sei.
- Vamos
brincar de escolher o que queremos ser?
- Bom –
disse Pedrinho -, em vez de criança, quero ser toda a areia da praia.
- Que bobo!
Ser grãozinho de areia! Ninguém liga para areia, trazem até toalha para sentar
em cima.
- Então
quero ser o sol.
- Mais bobo
ainda! O sol só aparece de dia e as pessoas se escondem dele embaixo do guarda
sol.
Então quero
ser a lua.
- Mas a lua
é como o sol! É chato. Quando o sol vem ninguém se lembra da lua, e quando é
noite ninguém lembra do sol.
- Ei, está difícil!
Ah! Já sei. Quero ser Jesus!
Levando as
mãos à cabeça, Joãozinho se espantou:
- Jesus! Mas
tem que ser bom.
Quando bater
numa face, tem que dar a outra também e, depois, ainda vem uns homens ruins e
batem e te pregam numa cruz!
- Você tem
razão! Pensando melhor... Quero ser... Deus!
- Deus!!!...
– exclamou Joãozinho, não fala nada? Acho que te peguei!
Nesse
instante, sai do barco o velho Ferreira.
- Quem quer
ser Deus aí?
- Eu. Meu
nome é Pedrinho.
- Olha, você
ia trabalhar tanto.
Não ia ser
fácil. Veja este mar, você deveria enchê-lo de peixes; olhe a natureza, os
pássaros, as flores, quanto você teria que trabalhar.
- Quer dizer
que Deus não tem descanso? Nem final de semana?
Nem feriado?
Nem férias?
- Isso
mesmo! Ele trabalha sem cessar, mantendo a vida e o universo.
Coçando a
cabeça, Pedrinho concluiu:
- Pensando
bem, acho que prefiro ser menino e criança.
E foram-se
os dois pela praia dando gargalhadas.
Então, seu
Ferreira, com os olhos em lágrimas, falou:
- Sabe,
Deus? O Senhor é o único mesmo, sempre.
HISTORIAS DE
TIAMARA.
Fonte do
texto e imagem: Internet Google.
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