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sexta-feira, 5 de maio de 2017

A PALAVRA

Uma senhora que se reconhecia dominada pelo vício da maledicência, procurou, certa vez, seu orientador espiritual, buscando aconselhar-se sobre a maneira de conseguir a remissão de seus muitos erros.

O velho homem, sábio e experiente, refletiu por alguns momentos, respondendo-lhe afinal:

- Olhe, inicialmente, a senhora irá encher um grande saco com plumas. Em seguida, aguardará um dia de vento forte e, então, subirá com ele aquele morro, que é o ponto mais alto da cidade e de lá, espalhará as penas ao vento.

A senhora saiu, então, bastante satisfeita e esperançosa, começando imediatamente a trabalhar no cumprimento da tarefa que lhe fora aconselhada.

Finalmente, num dia de ventania, ela se dirigiu ao local indicado, despejando dali as plumas que num instante desapareceram; levadas pelo vento.

Muito feliz, voltou ela ao seu orientador, contando-lhe que fizera tudo como lhe fora aconselhado e perguntando-lhe pressurosa:

- O senhor pensa então que agora estarei perdoada?

- Oh! Não! - Disse-lhe ele. - Esta foi apenas a primeira parte da tarefa. Agora, a senhora deverá voltar ao mesmo ponto e recolher todas as penas, colocando-as novamente no saco.

Muitíssimo assustada, ela retrucou:

- Mas isto me é totalmente impossível! Eu vi as plumas espalharem-se por todos os lados, desaparecendo, levadas pelo vento. Não posso saber onde elas estão. Uma ou outra talvez eu ainda consiga recolher, mas o saco todo é impossível! O senhor me exige uma coisa totalmente absurda!

Serenamente, o sábio respondeu:

- O mesmo acontece com as más palavras que vamos pronunciando imprudente e invigilantemente aqui e ali.

Elas se propagam de mente em mente e, de boca em boca, voam para longe. Às vezes, muito distante de nós estarão a produzir maus efeitos dos quais nada sabemos, mas que, no entanto, nos estarão sendo debitados. O melhor que a senhora tem agora a fazer, já que na maior parte das vezes não tem mais controle sobre os efeitos nocivos de suas palavras imprudentes, é ter mais cuidado com sua fala para que não encontre depois, na conta de sua vida, débitos muito pesados, cuja origem a senhora nem imagina.


Fonte: AME/JF. Fonte da imagem: Internet Google.

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