Uma senhora
que se reconhecia dominada pelo vício da maledicência, procurou, certa vez, seu
orientador espiritual, buscando aconselhar-se sobre a maneira de conseguir a
remissão de seus muitos erros.
O velho
homem, sábio e experiente, refletiu por alguns momentos, respondendo-lhe
afinal:
- Olhe,
inicialmente, a senhora irá encher um grande saco com plumas. Em seguida,
aguardará um dia de vento forte e, então, subirá com ele aquele morro, que é o
ponto mais alto da cidade e de lá, espalhará as penas ao vento.
A senhora
saiu, então, bastante satisfeita e esperançosa, começando imediatamente a
trabalhar no cumprimento da tarefa que lhe fora aconselhada.
Finalmente,
num dia de ventania, ela se dirigiu ao local indicado, despejando dali as
plumas que num instante desapareceram; levadas pelo vento.
Muito feliz,
voltou ela ao seu orientador, contando-lhe que fizera tudo como lhe fora
aconselhado e perguntando-lhe pressurosa:
- O senhor
pensa então que agora estarei perdoada?
- Oh! Não! -
Disse-lhe ele. - Esta foi apenas a primeira parte da tarefa. Agora, a senhora
deverá voltar ao mesmo ponto e recolher todas as penas, colocando-as novamente
no saco.
Muitíssimo
assustada, ela retrucou:
- Mas isto
me é totalmente impossível! Eu vi as plumas espalharem-se por todos os lados,
desaparecendo, levadas pelo vento. Não posso saber onde elas estão. Uma ou
outra talvez eu ainda consiga recolher, mas o saco todo é impossível! O senhor
me exige uma coisa totalmente absurda!
Serenamente,
o sábio respondeu:
- O mesmo
acontece com as más palavras que vamos pronunciando imprudente e
invigilantemente aqui e ali.
Elas se
propagam de mente em mente e, de boca em boca, voam para longe. Às vezes, muito
distante de nós estarão a produzir maus efeitos dos quais nada sabemos, mas
que, no entanto, nos estarão sendo debitados. O melhor que a senhora tem agora
a fazer, já que na maior parte das vezes não tem mais controle sobre os efeitos
nocivos de suas palavras imprudentes, é ter mais cuidado com sua fala para que
não encontre depois, na conta de sua vida, débitos muito pesados, cuja origem a
senhora nem imagina.
Fonte: AME/JF. Fonte da imagem: Internet
Google.
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