Quando eu
era menina, uns tios e seus filhos vieram residir na casa de meus pais.
Minha prima
e eu costumávamos discutir continuamente enquanto nos desobrigávamos das
tarefas da casa.
Como eu era
a mais velha, tinha a pretensão de querer ensinar-lhe a fazer as menores
coisas, o que, é claro, a contrariava.
Um dia,
depois de ter assistido a uma dessas cenas, nosso avô levou-nos ao fundo do
quintal, onde havia uma pilha de lenha.
A seguir, apanhando
o mais grosso dos tocos de madeira disse-nos em tom sério, porém sem nenhuma
zanga:
- O toco
deve ficar no meio. Vocês apanhem a serra, cada uma de um lado e comecem a
serra-lo!
Ficamos
ambas atônitas, mas imediatamente obedecemos. A serra era uma dessas comuns no
campo, acionada por duas pessoas que ora empurram, ora puxam.
Comecei a
serrar, o mais depressa que podia, mais uma vez desejosa de provar que minha
prima não era capaz de fazer o mesmo.
Mas, a cada
vez que eu empurrava a serra para trás, mais depressa do que ela, a lâmina
metálica se curvava e eu perdia o equilíbrio.
Percebi então
que, serrando à mesma velocidade que ela e sempre com força igual, o trabalho
progredia melhor.
Estávamos
mortas de cansaço quando terminamos o trabalho, porém tínhamos sincronizado
perfeitamente os nossos movimentos.
Vovô
aplaudiu quando o toco se abriu em dois pedaços e nos explicou sorrindo:
- Vocês conseguiram
levar a bom termo a tarefa e nisso não existe nenhum mérito. É que vocês
trabalharam em harmonia. Quando tiverem um trabalho a fazer lembrem-se de que,
trabalhando juntas e com esforço igual, tudo se tornará mais fácil e mais
rápido.
Nunca pude
me esquecer daquilo. E como, na vida, a maioria das tarefas que nos cabem
envolvem outras pessoas, eu me lembro daquele toco e procuro aplicar mais uma
vez, com alegria e bom humor, a lição da harmonia.
Obra: Para o
Resto da Vida - Wallace Leal V. Rodrigues.
Fonte da imagem: Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário