Marina
estava olhando alguns colegas seus, moradores ali da rua, que faziam pipas para
empinar lá no morro atrás da escola.
Enquanto
olhava o trabalho dos amigos, a garota teve o pensamento voltado para o Luís,
seu professor de matemática da 3a. série, que desencarnara alguns dias atrás.
Marina
gostava muito do professor Luís, aliás como todos os seus alunos. Alegre, brincalhão,
ensinava a matéria com um jeitão tão especial que ninguém fazia bagunça em suas
aulas.
Luís era
jovem ainda, mas não resistira a uma doença que o vitimara, levando-o à
desencarnação dois meses depois que fora diagnosticada.
Quando
visitara o querido professor no hospital, Marina lhe levara flores e umas
fatias do bolo que mamãe prepara, mas o professor Luís conseguira apenas
esboçar um leve sorriso de agradecimento, já sem forças para falar. Marina se
esforçara para não chorar de pena do amigo, mas aguentara firme, pois ali
estava para levar estímulo e bom ânimo.
A menina
estava tão absorta em seus pensamentos, que levou um susto quando Paulinho
gritou:
- Olha uma
pipa solta! A linha de alguém arrebentou e o vento está levando a pipa pro
alto...
Nisto,
Marina sentiu que lhe punham a mão no ombro. Voltando-se, viu D. Mercedes, a
diretora de sua escola, que lhe disse:
- Oi,
Marina. O que está fazendo por aqui, tão pensativa? Você me parece meio
triste...
- Oi, D.
Mercedes. Estou aqui olhando os meninos fazerem pipas, e de repente me lembrei
do professor Luís. Me deu uma saudade...
- Eu também
tenho saudades do Luís, Marina. Ele sempre foi uma pessoa especial, amiga,
dedicada ao trabalho...
Olhando
agora aquela pipa com o fio arrebentado que o vento vai levando para o alto,
lembrei-me de sua desencarnação...
- Como
assim, D. Mercedes?
- Bem,
Marina.... Você deve saber que nós somos Espíritos que ganhamos um corpo de
carne ao nascer, não é? O Espírito, antes livre no Mundo Espiritual, ao
reencarnar precisa de um corpo, ao qual se une através de laços, como fios que
manterão os dois unidos como se fossem uma coisa só. Esses fios podem se esticar
(por exemplo, durante o sono o Espírito pode passear no Mundo Espiritual
enquanto o corpo repousa), mas se eles se arrebentam, aí ocorre a desencarnação;
o Espírito retorna à vida espiritual e o corpo físico terá morrido.
- E esses
fios se arrebentam assim, assim, quando o Espírito resolve ir embora?
- Não, minha
querida. O Espírito só vai embora quando o corpo não tem mais condições de lhe
ser morada, quando se torna imprestável, quando se "estraga", seja
por doença, por acidente. . .
- Ah,
entendi, D. Mercedes! Realmente, olhando aquela pipa podemos pensar que o
professor Luís, Espírito, também retornou ao Mundo Espiritual, depois que seu
corpo ficou inutilizado pela doença e os laços que o mantinham unido a ele se
romperam... Mas o professor continua vivinho no Mundo Espiritual.
- Isto
mesmo, Marina! Nosso querido Luís estará no Mundo Espiritual, amparado pelo
amor de nosso Pai Celestial e merecedor de nossas preces e nosso carinho, em
forma de pensamento, para que logo se restabeleça.
- Ah, D.
Mercedes... se todas as pessoas entendessem o que é a desencarnação assim como
a senhora está me explicando, a saudade não doeria tanto, não acha?
- É sim,
Marina... Mas nós, que sabemos disso, podemos falar para quem não sabe e ajudar
muita gente que se desespera ante a desencarnação de uma pessoa querida.
E ficaram as
duas a olhar a pipa que, àquela altura, já se tornara um pontinho quase imperceptível
na imensidão do céu...
Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação
e Estudo do Espiritismo.
Fonte da imagem: Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário