Disse a
Alma, chorando, ao Corpo aflito:
- Por que me
prendes; triste barro escuro,
Se busco o
Espaço imenso, se procuro
O império
resplendente do infinito?
Por que me
deste a dor por sambenito
No caminho
terrestre áspero e duro?
Por que me
algemas a sinistro muro,
O coração
cansado, ermo e proscrito?
Mas o Corpo
exclamou: - Cala-te e ama!
Eu sou, na
Terra, a cruz de cinza e lama,
Que te serve
de ninho, templo e grade...
Mas dos meus
braços partirás, um dia,
Para a
glória celeste da alegria,
Nos castelos
de luz da eternidade!...
Autor: Anthero
de Quental
Nenhum comentário:
Postar um comentário