Certa vez,
promovendo uma assembleia pública em Atenas para tratar de altos interesses da
pátria grega, Demóstenes viu-se apupado pela turba impaciente, que fazia menção
de retirar-se sem ouvi-lo. Então, elevando a voz, disse que tinha uma historia
interessante a contar. Obteve, assim, silêncio e atenção, e começou:
- Certo
jovem, precisando ir de sua casa até Mégara durante o auge do verão, alugou um
burro, pondo-se a caminho. Quando o sol ficou a pino, ardentíssimo, tanto o
moço como o dono do animal alugado tiveram vontade de sentar-se à sombra do
burro, e começaram a empurrar-se mutuamente, a fim de ficar com o lugar.
Dizia o dono
do animal que apenas alugara o burro e não a sua sombra, e o outro afirmava que
tendo pago o aluguel do burro, pagara também o de sua sombra, pois tudo quanto
pertencia ao burro lhe fora alugado com ele…
A esta
altura. Demóstenes levantou-se e fez menção de retirar-se. A multidão
protestou, desejosa de ouvir o resto da historia. Foi então que o prodigioso
orador, erguendo-se em toda a sua altura, e encarando com firmeza o auditório,
declarou, a voz trovejante:
-
Atenienses! Que espécie de homens sois, que insiste em saber a historia da
sombra de um burro e recusais tomar conhecimento dos fatos mais graves que vos
dizem respeito?
Só então
pode fazer o discurso que pretendia, para um auditório envergonhado e atento,
que, afinal, ficou sem saber o fim da historia da sombra do burro.
Antônio F.
Rodrigues
Livro:
Antologia Espírita e Popular “Mensagens dos Mestres”
Fonte da imagem: Internet Google.
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