À hora da ceia, enviou
seu servo para dizer aos convidados:
- Vinde, porque tudo
já está preparado.
Mas todos, um a um,
começaram a se desculpar.
O primeiro disse: -
Comprei um campo e preciso ir vê-lo. Peço-lhe que me dês por escusado.
Outro disse: - Comprei
cinco juntas de bois e vou experimentá-las. Peço-te que me dês por escusado.
E outro disse: -
Casei-me há pouco, por isso não posso ir.
Voltando, o servo
relatou tudo ao seu senhor. Então o dono da casa, indignado, disse ao seu
servo: - Vai depressa pelas praças e ruas da tua cidade e traz-me aqui os
pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Disse-lhe o servo: -
Senhor, o que ordenaste já foi feito, e ainda há lugar.
E disse o senhor ao
servo: - Vai pelos caminhos e ao longo dos cercados e obriga-os a entrar, para
que a minha casa fique cheia. Pois eu te digo que nenhum daqueles que foram
convidados provará da minha ceia.
Lucas, 14:16-24
Bem, caro leitor, não
é difícil identificar Deus como o anfitrião desta história.
A ceia representa a
comunhão com os valores espirituais.
O convite divino
manifesta-se de duas formas:
Objetivamente: Envolve
a tradição familiar, a crença do berço.
Subjetivamente: Exprime-se
nas dúvidas existenciais, na inquietação inexprimível, no indefinível anseio do
sagrado.
Poucos são receptivos.
Jesus reporta-se a
três escusas:
O que comprou um campo
e vai vê-lo.
Está envolvido com o
cotidiano, num somatório de atividades, interesses e prazeres. Impedimentos se
sucedem - a novela, o cinema, o futebol, a visita, o passeio, o contratempo, o
compromisso inadiável...
Não tem tempo!
O que comprou uma
junta de bois.
Enrosca-se na
atividade profissional, o ganha-pão, o dinheiro do mundo. O expediente que se
prolonga, o compromisso marcado, a convocação inesperada...
Não tenho tempo!
O que acaba de se
casar.
Prende-se às
solicitações familiares. Não encontra espaços vazios na agenda. Há sempre
alguém a atender...
Não tem tempo!
Parecem ignorar o
óbvio:
Tempo é uma questão de
preferência.
Sempre encontramos
espaço no cotidiano para fazer o que desejamos.
Vendo que seus apelos
são inúteis, o Senhor decide convidar os pobres, os aleijados, os cegos e os
coxos.
Lembra um pensamento
corrente nas lides espíritas:
Aproximamo-nos do
Espiritismo por convite do amor ou por convocação da dor.
Amor ao conhecimento:
a vontade de aprender, desdobrar horizontes, equacionar a existência...
Há, também, o amor
romântico. No jogo da sedução vale tudo, até a adesão à crença do ser amado.
Isso antes do casamento. Depois, é outra história.
A maioria vem pela
dor.
Têm problemas, estão
doentes, perturbados, desajustados, infelizes, deprimidos... São representados
pelos estropiados da parábola.
Talvez você, leitor
amigo, tenha procurado o Espiritismo pelo amor.
Parabéns!
Saiba que é uma
exceção.
Lembro minha própria
experiência.
Embora filho de
família espírita, até os vinte anos estive totalmente alheio. Foi a partir de
grave lesão num olho que me aproximei.
Como toda mãe espírita
diante de um filho com problema de saúde, minha genitora logo pediu, em reunião
mediúnica, o apoio de um mentor espiritual. Ele se propôs a ajudar.
Fiquei animado, até
saber a condição imposta:
Era preciso que eu comparecesse
às reuniões públicas do Centro, que eram diárias.
- Todos os dias?!
- Sim.
- Poxa, mamãe! Nenhuma
folga, nem mesmo no domingo?!
- Meu filho, a dor e a
necessidade não escolhem dias. Sempre há gente precisando de socorro.
Achei absurda a exigência.
Não obstante, a enfermidade é extremamente persuasiva, principalmente quando
envolve um dos dons mais preciosos – a visão.
Cumpri minha parte. O
guia cumpriu a dele. Sarei.
Melhor que a cura -
tomei gosto pelo Espiritismo.
Hoje participo por amor,
com ajudazinha da dor, de vez em quando, que é para a gente não se distrair.
Segundo a parábola, os
convidados desinteressados não provarão a ceia.
Acrescentaríamos que
isso ocorrerá até que estejam também estropiados, o que, certamente, modificará
suas disposições.
No banquete da
espiritualidade, oferecido no Centro Espírita, temos as entradas.
É o alimento leve e
imediato: o atendimento fraterno, o passe magnético, o tratamento espiritual, o
receituário mediúnico, as vibrações dirigidas...
Curioso que muitos
ficam apenas nesse antepasto. Melhoram, experimentam algum bem-estar; o
problema de saúde parece superado, mente pacificada...
E logo procuram a
saída!
Deixam o melhor, o
prato principal, representado pelo conhecimento espírita. É esse que realmente
nos alimenta e fortalece, ajudando-nos a viver de forma mais tranquila e feliz.
Se estivermos
dispostos a experimentar, devemos saber que esse maná dos céus precisa ser bem
mastigado para ser digerido.
Isso envolve o
legítimo desejo de aprender, marcado pela leitura, o estudo, a assiduidade às
reuniões, superando a mera intenção de receber benefícios.
No Japão há curioso
costume.
As pessoas compram, em
restaurantes e supermercados, determinados alimentos, acondicionados em
pequenas caixas, o que lhes permite tomar sua refeição na rua, na praça, no
local de trabalho, no metrô...
Algo semelhante pode
ser feito com o banquete da espiritualidade. Acondicionar o prato principal em
prática embalagem – o livro espírita!
A qualquer momento, em
qualquer lugar, podemos “mangiare”, como diz o italiano, finas iguarias que
saciam nossa fome de espiritualidade, proporcionando-nos momentos de leitura
edificante.
Ao ouvir sobre a
importância de ter o livro espírita ao alcance das mãos, uma senhora comentou:
- Infelizmente, não
tenho o hábito da leitura.
Bem, sabemos que
hábito é uma tendência adquirida com a repetição de determinadas ações.
Há alguns extremamente
prejudiciais:
Fofocar.
Impressionante o
prazer mórbido que as pessoas sentem em comentar aspectos negativos do
comportamento alheio. Autoafirmação às avessas. Ao invés de se realizarem pelo
que são, pretendem fazê-lo depreciando os outros.
Esbravejar.
Há quem resolve tudo
no grito. Ergue a voz, impondo medo, sem conquistar respeito ou estima. Quando
detém cargos de mando, sai de perto!
Xingar.
Há pessoas que escovam
os dentes, sem escovar a conversa. Principalmente quando, irritadas, pronunciam
obscenidades, a se expandirem em vibrações virulentas que conturbam qualquer
ambiente.
Mentir.
Parece segunda
natureza. Está tão incorporado ao comportamento humano, que o profeta Isaías
proclama taxativo: todo o ser humano é mentiroso.
Melhor cultivar bons
hábitos.
Um deles,
gratificante: ler livros espíritas!
Inicialmente, alguns
minutos diários, se há dificuldade.
Aos poucos iremos
ampliando a capacidade de nos fixarmos na leitura, substituindo as horas
vazias, desperdiçadas, jogadas fora, por uma excursão no deslumbrante universo
espírita.
Tenhamos ao alcance
das mãos as abençoadas caixas com o alimento principal, capaz de saciar nossa
fome de paz e conforto, a qualquer momento, em qualquer lugar!
Livro: Histórias Que
Trazem Felicidade - Richard Simonetti.
Fonte da imagem:
Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário