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domingo, 12 de outubro de 2014

A Lenda da Rosa

Dizem que quando a Terra começava
A ser habitação de forças vivas,
Nas telas primitivas,
Tudo passara a ser agitação de festa;
As cidades nasciam
Em singelas aldeias na floresta...

A beleza imperava,
O verde resplendia,
Toda a vegetação se espalhava e crescia,
Dando refúgio e proteção
Aos animais,
Do mais fraco ao mais forte...

O progresso ganhava as marcas de alto porte.
No campo, as plantas todas,
Respiravam felizes,
Da folhagem no vento à calma das raízes;
Era um mundo de belos resplendores,
Adornado de flores,
Com uma estranha exceção...

Tão-somente, o espinheiro,
Era triste e sozinho
Uma espécie de monstro no caminho,
De que ninguém se aproximava,
Todo feito de pontas agressivas,
Recordando punhais de traiçoeiro corte,
Que anunciavam dor e feridas de morte...

De tanto padecer desprezo e solidão,
Um dia, o espinheiral,
Fitou o Azul Imenso e disse em oração:
- Senhor, que fiz de mal,
Para ser espancado e escarnecido,
Todos me evitam cautelosamente
Como se eu não devesse haver nascido...

Compadece-te, oh! Pai, da penúria que trago,
Terei culpa das garras que me deste?
Acendes astros mil para a noite celeste,
Vestes a madrugada em mantilhas vermelhas,
Dás lã para as ovelhas,
Inteligência aos cães, cântico às neves...

Estendeste no chão a bondade das fontes
Que deslizam suaves
Na força universal com que desdobras,
A amplitude sem fim dos horizontes,
Em cujo místico esplendor
Falas de majestade, paz e amor...

Não me abandones, Pai, às pedras dos caminhos,
Se posso, não desejo
Oferecer somente espinhos...

Quero servir-te à obra; aspiro a ser perfume,
Inspiração e cor, harmonia e beleza,
Para falar de ti nas leis da Natureza...

Dizem que Deus ouviu a inesperada prece
E notando a humildade e a contrição do espinheiral,
Mandou que, à noite, o orvalho lhe trouxesse,
Um prodígio imortal.

Na seguinte manhã, logo após a alvorada,
Por entre exalações maravilhosas,
O homem descobriu, de alma encantada,
Que Deus para mostrar-se o Pai e o Companheiro,
Atendendo a oração, pusera no espinheiro,
A primeira das rosas.

Autora: Maria Dolores


Fonte do texto: Internet Google.

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