O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO
Cap. 22 - Não Separar o Que Deus Juntou
5. O
divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato,
está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os
homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei
divina. Se fosse contrário a essa lei, a própria Igreja seria obrigada a
considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que, por autoridade própria e
em nome da religião, hão imposto o divórcio em mais de uma ocasião. E dupla
seria aí a prevaricação, porque, nesses casos, o divórcio há objetivado
unicamente interesses materiais e não a satisfação da lei de amor.
Mas, nem
mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele:
"Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis
vossas mulheres?" Isso significa que, já ao tempo de Moisés, não sendo a
afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se
necessária. Acrescenta, porém: "no princípio, não foi assim", isto é,
na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo
egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, derivando da
simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.
Vai mais
longe: especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de adultério. Ora, não
existe adultério onde reina sincera afeição recíproca. É verdade que ele proíbe
ao homem desposar a mulher repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os
costumes e o caráter dos homens daquela época. A lei mosaica, nesse caso,
prescrevia a lapidação.
Querendo
abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o substituísse e a
encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um segundo casamento. Era, de
certo modo, uma lei civil substituída por outra lei civil, mas que, como todas
as leis dessa natureza, tinha de passar pela prova do tempo.
Fonte da imagem: Internet Google.
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