Perguntas, coração,
Como sanar
as dores sem medida,
De que modo
enxugar a lágrima incontida
Sob nuvens
de fel e de pesar!...
Recordemos o
chão...
Quando o
lodo ameaça uma estrada indefesa,
Em cada
canto roga a Natureza:
Trabalhar,
trabalhar.
Fita o
aguaceiro que se fez tormenta.
Ao granizo
que estala, o vento insulta;
Seio de
mágoas que se desoculta,
A terra, em
torno, geme a desvairar...
Mas, finda a
longa crise turbulenta,
Sobre teto
quebrado, pedra e lama,
Renasce a
paz do céu que vibra e chama:
Trabalhar,
trabalhar.
Ressurge,
inalterado, o sol risonho,
Não pergunta
se o mal ganhou no mundo
A tudo
abraça em seu amor profundo,
A criar e a
brilhar!
Recebe cada
flor um novo sonho,
Cada tronco
uma bênção, cada ninho
Canta para
quem passa no caminho:
Trabalhar,
trabalhar.
Assim
também, nas horas de amargura,
Enquanto a
sombra ruge ou desgoverna,
Pensa na
glória da Bondade Eterna,
Acende a luz
da prece tutelar!
E vencerás
tristeza e desventura,
Obedecendo à
voz de Deus na vida
Que te pede
em silêncio, à alma ferida:
Trabalhar,
trabalhar.
Autora: Maria Dolores
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