Cruzou silenciosamente
o recinto, parou com humildade diante do professor e pediu, sem rodeios:
— Os senhores poderiam
dar passe na minha galinha? Ela anda muito doente...
Todos os olhares
alternaram imediatamente da mulher para a galinha e da galinha para o
professor.
E agora?
Certamente inspirado
pelo alto e pelos seus longos anos de convívio com a dor humana, nosso
professor, com naturalidade, imediatamente respondeu-lhe:
— Ah! Minha irmã. A
senhora veio ao lugar certo. E dirigindo-se a alguns médiuns passistas à sua
volta, pediu-lhes para que se reunissem em torno da mulher e da galinha.
Compenetrados, todos
aplicaram o passe magnético e, em seguida, solicitou para que ela e a galinha
se acomodassem e participassem do estudo.
Finalizados os
procedimentos, com muito jeitinho o professor, conduzindo-lhe pelo braço centro
adentro, explicou-lhe solícito:
— Olha, a sua galinha
vai melhorar. Mas na semana que vem seria bom que a senhora voltasse aqui ao
centro. Não há mais necessidade de trazer a galinha novamente. Traga apenas uma
garrafa com água que será fluidificada pelos bons espíritos. Mas, o importante
mesmo é que a senhora volte,
tá bom?
E despedindo-se
afetuosamente, observou partir aquela sofrida mulher com os olhos radiantes,
repleta de consolo e com sua autoestima em alta, convicta de que Deus não lhe
desamparara em sua necessidade.
Assim, na condição de
necessitados, muitos de nós, ao tomarmos conhecimento do espiritismo, também
chegamos pela primeira vez na casa espírita carregando a nossa "galinha
doente". Ela representa nossas necessidades materiais e espirituais mais
básicas, a nossa carência de esclarecimento, nosso imediatismo, toda nossa
humana sede de consolo, alívio e entendimento.
E quando na condição
de benfeitores, sinceramente compenetrados em compartilhar os ideais de amor do
Cristo, em favor de nossos semelhantes, alcançamos sempre a inspiração segura e
certa, para que o bem se realize.
E sem alarde, pelas
bênçãos de Deus e o auxílio dos bons espíritos, as mãos que se estendem em
súplica se encontram com as que se estendem em auxílio para que, desse modo, o
céu e a terra sempre se aproximem e se toquem, cada vez mais, em delicados e
despercebidos elos de luz e fraternidade...
Adolfo Guimarães
Fonte do texto e
imagem: Internet Google.
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